Eu e o Universo. Dança Singular

Verdades e camadas

Tenho abordado muitas reflexões, suposições, avaliações, julgamentos, críticas e projeções de nós mesmos no outro através dos textos que escrevo para o Acordei Inspirado.

Penso que o maior desafio percebido para qualquer ser humano é o de dar significado racional e lógico aos poucos pedaços do universo que conseguimos perceber.

Desafio que se torna ainda maior quando tentamos generalizar visões, interpretações, valores e sistemas.

Deste desafio nasceram as religiões, as filosofias, as artes e, mais recentemente, as ciências; tentativas de estabelecer um olhar e um diálogo coletivo sobre a nossa existência em um complexo e misterioso sistema vivo chamado universo, que talvez nem seja único e permanente!

Acredito que estamos diante de um quebra-cabeça insolúvel em que a beleza de tudo não reside na solução e sim no aprendizado que nos leva a nos aceitarmos e ao outro em toda a diversidade que nos é singular.

Nesta aventura, a humanidade tem buscado compreensão plena sobre a vida e relacionamentos pacíficos, embora nossa história venha apontando para repetidos insucessos relativos e para o surgimento de novas utopias que talvez nos levem a nossos desejos e anseios. 

Seguimos ciclicamente construindo fracassos relativos e celebrando sucessos imprevistos que deixam como legado para as próximas gerações beleza, autonomia, entendimento e abertura à diversidade.

Gosto de pensar na necessidade de investirmos em aceitação e na configuração de um sistema de pensamento plural em que caibam diversos olhares de mundo sem que, necessariamente, exista uma verdade absoluta.

No final das contas, considerando as existências humanas pontuais em meio à história das humanidades que foram e que serão através do tempo e do espaço, acredito que acabemos vivendo uma aventura temporal, impermanente e de duração curta de construção de nós mesmos através das relações com o outro. Um exercício de autoamor e de amor aplicado às relações que talvez tenha como formulações principais a herança do que já foi, o sonho do que poderá ser e a aceitação do fato de que nunca acessaremos a verdade absoluta, embora exista a possibilidade de estabelecermos verdades muito amplas e mais ou menos semelhantes entre si.

Que possamos seguir pela eternidade enquanto ela dure, experimentando os universos percebidos, cheios de possibilidades, enquanto nos deleitamos com o mistério que é sermos seres autênticos e singulares em ambiente incerto e desconhecido.