O excesso de cobrança fragiliza relacionamentos, e em verdade é uma questão de tempo para que tudo venha a ruínas.
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muita paz
O que são cobranças se não a imposição do jeito de ser, de pensar, de sentir e de agir de uma pessoa ou cultura sobre outras pessoas e grupos de pessoas?
Matamos um pouco de nossa singularidade quando temos que atender cobranças. Anulamos nossas preferências e modos de ser e de agir.
Mas me questiono se cobranças são ruins. Talvez cumpram papéis importantes na consolidação dos valores de determinadas sigularidades.
Quando me sinto julgado e cobrado costumo refletir sobre minhas escalas de valores, sobre o que realmente é importante, sobre qual é o meu nível de tolerância.
Mesmo pessoas mais passivas, que tendem a se anular em favor do outro, possuem valores inegociáveis que, quando afrontados com muito vigor, podem despertar reações que as levem a lutar por seus valores.
No contexto da citação, o que seriam as ruínas além do rompimento de uma ação de domínio sobre o outro?
Diante de exigências e imposições excessivas o outro rescinde o acordo social em que se via obrigado a cumprir exigências e inicia a defesa daquilo que julga como importante para si construindo um papel de autonomia, alteridade e maior liberdade.
Precisamos viver em relações, mas é importante ponderar sobre a natureza destas relações.
De um modo geral sentimos que as relações devem nos alimentar, nos ajudar a crescer conforme nossos valores e crenças.
O sacrifício no sentido de anulação de um dos lados da relação talvez não seja benéfico. Acredito que a relação precisa ser boa para os dois lados e isto se dá quando os movimentos são conscientes, voluntários e organizados de acordo com diálogos e negociações. Assim as relações são benéficas para a prosperidade de todos
Quando assumimos que o outro é menos importante ou é incapaz de decidir o que é melhor para si mesmo, iniciamos uma perigosa jornada relacional em que as imposições e cobranças tendem a ser exageradas.
O lado anulado, talvez por necessidade, se submeterá até que não possa mais pagar o preço pessoal da submissão.
Mas há um momento de despertar em que nos damos conta dos abusos da outra parte. Neste momento, se estivermos atentos e sensíveis aos valores humanos, poderemos rever as relações e os acordos de maneira a salvar a relação e seguir em frente realizando transformações das regras de convivência.
O problema é que talvez não estejamos atentos ou talvez nos julguemos portadores do poder sobre a vida dos outros. Se isto ocorre, as mágoas acumulam-se, os conflitos surgem e as confusões se estabelecem rapidamente. Então ocorre o rompimento das relações e surge uma dinâmica que força o lado mais forte a rever suas exigências e imposições mas que também conduz o lado mais fraco a desenvolver habilidades e competências novas para se reinventar.
Novos sistemas relacionais se constroem, relações surgem e seguimos em frente buscando progresso, prosperidade e bem-estar.
Não tenho medo das ruínas. Acho que são momentos transitórios importantes e necessários para o desenvolvimento de uma sociedade futura mais equilibrada e feliz. Talvez sejam momentos evitáveis, mas não deixam de ser importantes na construção de uma sociedade feliz.
As ruínas promoverão reflexões e ajustes em todos os níveis da sociedade e criarão as bases para que haja mais autonomia e respeito às individualidades onde antes não era possível considerar o outro.
As ruínas talvez sejam um sinal de que o progresso das relações está atingindo um nível de maturidade maior.
O que são cobranças se não a imposição do jeito de ser, de pensar, de sentir e de agir de uma pessoa ou cultura sobre outras pessoas e grupos de pessoas?
Matamos um pouco de nossa singularidade quando temos que atender cobranças. Anulamos nossas preferências e modos de ser e de agir.
Mas me questiono se cobranças são ruins. Talvez cumpram papéis importantes na consolidação dos valores de determinadas sigularidades.