Em matéria de perdoar e ser perdoado, o primeiro passo no caminho da reconciliação sempre pertencerá ao mais lúcido, não importando seja ele o ofendido ou o ofensor.
Perdoe sempre.
+362-003
feliz 2023
Outro dia eu estava pensando sobre esta interface entre perdão e reconciliação. Hoje o assunto renasce com força na mente e no coração a partir do pensamento proposto.
Quando estudamos o Novo Testamento que conta as aventuras de Jesus segundo o ponto de vista de alguns de seus apóstolos, percebemos que pode existir uma diferença entre perdoar e se reconciliar com o agressor.
Segundo a ideia proposta e o entendimento de alguns pensadores cristãos, perdoar o inimigo significa assumir uma postura de paz em que não buscamos vingança, em que não desejamos o mal do outro.
Ainda olhando para o perdão a partir da narrativa de Pedro nós somos ensinados sobre a importância de perdoarmos infinitamente as ofensas recebidas.
A ideia de perdoar talvez esteja conectada com a ideia de dar amplamente ao outro, mesmo quando este outro nos causa prejuízo. Nesta linha de pensamento, perdoar seria conceder ao agressor a dádiva da liberdade e os recursos para que siga em frente sua jornada de crescimento sem cobranças e apedrejamentos de nossa parte.
Arrisco pensar aqui, entretanto, sobre a necessidade de considerarmos nossa intervenção educativa sobre o outro oferecendo subsídios para que ele perceba de alguma forma que sua ação causou danos e prejuízos provocando dor e sofrimento ao outro. Talvez seja necessário que o outro se responsabilize pelo prejuízo causado para que possa crescer.
Mas Jesus nos fala também em conciliação ou em reconciliação com o adversário, conforme a tradução usada do Novo Testamento.
Parece que há um certo reconhecimento de que precisamos seguir convivendo com todos, vivendo em sociedade, inclusive com aqueles que nos ferem.
Conciliar-se com o adversário, encerrar as picuinhas, os confrontos e os conflitos! Agirmos de forma solidária e fraterna, talvez até de forma colaborativa para evitar a necessidade de ação de uma instância superior e punitiva parece ser a proposta de Jesus segundo Mateus no capítulo 5 do Novo Testamento.
No referido capítulo não se fala em perdão de ofensas, mas em conciliação ou reconciliação com o adversário. Não fica claro na narrativa quem é o agressor; quem precisa de perdão ou quem precisa perdoar.
Fala-se na necessidade de conciliação porque há convivência, porque os adversários partilham o mesmo caminho e estão sujeitos a uma mesma lei.
Apesar das divergências, é preciso reatar laços e reestabelecer a convivência porque estamos usando as mesmas estradas...
Não tenho certeza se é possível conciliar-se sem perdoar.
Não sei se é possível perdoar verdadeiramente sem se conciliar.
Talvez perdoar e reconciliar sejam ações distintas que fiquem facilitadas quando ocorrem juntas...
Talvez sejamos os ofensores que precisam de perdão e a busca da reconciliação seja o caminho para conquistá-lo.
Talvez sejamos os ofendidos e o perdão seja o caminho para a reconciliação.
De qualquer forma o que sinto é que, em última análise, o cerne da questão é a importância da convivência solidária e fraterna apesar das diferenças e das divergências.
Penso que, para que esta convivência se dê de forma facilitada, talvez o perdão seja um caminho importante quando temos nossos interesses pessoais atravessados pelos interesses pessoais do outro e nos sentimos ofendidos por ele.
Olhando sob outro ponto de vista, quando meu interesse pessoal atravessa o interesse pessoal do outro fazendo com que ele se sinta agredido por mim, talvez o perdão seja um caminho importante para reatarmos a convivência solidária e fraterna que é o ponto focal.
Desta forma, reconhecer os nossos interesses pessoais, a nossa real necessidade de atendê-los, mas também reconhecer os interesses pessoais daqueles que partilham conosco a vida e a real necessidade deles de atendê-los, pode compor uma base importante para seguirmos em paz gerando prosperidade e felicidade.
Quando há este reconhecimento e olhamos com respeito e com amor para nós mesmos e para o outro; penso que somos capazes de estabelecer diálogos e negociarmos o atendimento das necessidades de maneira equilibrada, saudável, solidária e fraterna.
No limite do pensamento, viveremos conciliados, não nos sentiremos ofendidos e não precisaremos mais perdoar e nem sermos perdoados.
Outro dia eu estava pensando sobre esta interface entre perdão e reconciliação. Hoje o assunto renasce com força na mente e no coração a partir do pensamento proposto.
Quando estudamos o Novo Testamento que conta as aventuras de Jesus segundo o ponto de vista de alguns de seus apóstolos, percebemos que pode existir uma diferença entre perdoar e se reconciliar com o agressor.
Segundo a ideia proposta e o entendimento de alguns pensadores cristãos, perdoar o inimigo significa assumir uma postura de paz em que não buscamos vingança, em que não desejamos o mal do outro.