Existem pessoas que são como plantas de difícil trato, cujo cultivo demanda tempo ampliado e esforço dobrado para oferecer seus primeiros brotos.
algumas sementes são custosas , mas nenhuma delas resiste à dedicação amorosa do seu cultivador.
*seja você um desses cultivadores *
entenda, ame
+025-340
muita paz
Fiquei pensando muito sobre este movimento de cultivo. A princípio me incomodei um pouco com a ideia de cultivar o outro.
Que significados atribuímos ao termo cultivar?
Me dei conta que, de alguma forma, para mim, a ideia de cultivar tem relação com a imposição de minha vontade sobre algo ou alguém que visa obter uma resposta específica em conformidade com meus anseios, desejos e expectativas.
Quando planto uma semente de manga talvez eu carregue o desejo de comer mangas, de aferir lucro com o comércio de mangas ou talvez apenas deseje uma grande área de sombra em um futuro mais distante.
Talvez eu queira ser celebrado pelas gerações seguintes ou esteja apenas arrumando o cantinho onde desejo que as cinzas de meu corpo sejam depositadas após minha partida.
Por um motivo ou por outro, o manejo da planta seguirá uma pauta dedicada exigindo esforços e cobrando resultados da mangueira em crescimento.
Acho que por isso me incoodei com a ideia de cultivar pessoas.
Gosto de pensar na liberdade plena de expressão do sujeito, embora reconheça que, por vivermos em sociedade, necessitamos de acordos sociais que restrinjam liberdades, que estabelecçam responsabilidades e direitos para atingirmos um ambiente de bem coletivo comum a todos.
Neste contexto, nós acabamos cultivando pessoas ao impormos um processo educativo que visa "conformar o sujeito" aos hábitos e costumes de uma época.
Mas também penso a educação para além deste processo de "conformação".
De alguma forma desejamos levar ao outro o melhor de nós para que ele se inspire e se construa dentro do seu espaço relativo de liberdade.
Se desejo uma árvore alta e frondosa que ofereça grande área de sombra, trabalharei para conformar a muda de mangueira nesta direção, mas ofertarei campos para que ela se expresse em sua individualidade.
Celebraremos juntos a construção coletiva ao longo dos anos. Nos fartaremos com as frutas, viveremos sob a sombra fresca que foi imposta e nos encantaremos com os desenhos livres formados por galhos, folhas, flores e frutos a cada dia do ano.
Talvez a ideia central não seja o cultivo de pessoas para quebrar resistências e sim o cultivo de relações inspiradoras que provoquem a formação de convívio social ético, afetivo e respeitoso enquanto libertam os envolvidos para firmarem-se conforme suas próprias singularidades espirituais.
Gosto de pensar que o amor em movimento, o ato de amar, em sua essência, não impõe nada ao outro. Ele acolhe, sustenta e inspira a construção de relações éticas através das quais o outro se inspira enquanto, por reciprocidade, me inspiro.
Amadurecer espiritualmente, neste contexto, seria construirmos conscientemente esta malha de relações amorosas anulando nossas imposições e acolhendo o outro em suas singularidades características enquanto nos deixamos cuidar pelo universo que nos subre de maneira abundante.
Cada expressão externa, mesmo que em desacordo com nossa expectativa do que seria uma expressão correta, seria válida e, portanto, a ideia de trabalho de cultivo para obter frutos custosos do outro não faz sentido.
De qualquer forma, não tenho dúvidas de que o amor dirigido ao outro através das relações tenha uma força inspiradora muito potente que é capaz provocar no outro o desejo de mudança e a construção de posturas radicalmente diferentes daquelas que ele vinha elaborando.
Fiquei pensando muito sobre este movimento de cultivo. A princípio me incomodei um pouco com a ideia de cultivar o outro.
Que significados atribuímos ao termo cultivar?
Me dei conta que, de alguma forma, para mim, a ideia de cultivar tem relação com a imposição de minha vontade sobre algo ou alguém que visa obter uma resposta específica em conformidade com meus anseios, desejos e expectativas.