Não deixe o ruído da opinião dos outros afogar sua voz interior
E o mais importante:
Tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição
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muita paz
Talvez nosso processo educativo não favoreça muito estas ações corajosas...
Desde cedo nós somos educados como pessoas incapazes que precisam ser protegidas, supridas e nutridas; o que é uma verdade no início de nossas existências, mas que vai deixando de ser à medida que crescemos.
Penso que, em certo nível, todos nós precisamos do abraço protetor e nutridor da sociedade em que estamos inseridos, mas importa saber também que somos singularidades dotadas de capacidades para agirmos de forma autônoma e integrada à vida.
Todos nós temos liberdade de pensamento e de ação dentro de limites biológicos, ecológicos e sociais amplos. Deveríamos ser capazes de exercer esta liberdade!
Entretanto, aspectos como o amor e o cuidado que temos por nossos afetos, além da arrogância que nutrimos de sermos a imagem absolutamente perfeita da sabedoria e da perfeição fazem com que sequestremos direitos essenciais do outro.
Criar, experimentar e até errar, a meu ver, fazem parte desses direitos essenciais que muitas vezes nos são negados por outros membros da sociedade a título de proteção e amor.
Em paralelo, vemos comportamentos que tendem a negar os direitos essenciais básicos devido à estratificação dos indivíduos em escalas de importância para a sociedade. Escalas que definem o acesso pleno aos direitos essenciais apenas para uma pequena parcela de integrantes da sociedade, geralmente para aqueles cidadãos mais poderosos, mais potentes, mais fortes, mais inteligentes, mais ricos e mais influentes.
Vejo ainda outra dimensão de negação a que muitas vezes não estamos atentos ou não queremos admitir. Através do fenômeno da transferência, atribuímos ao outro caracteres que negamos em nós ou que revelam aspectos nossos que não queremos trabalhar, que nos são causa de incômodo e exigem esforço.
Sob esta ótica da transferência, nós acabamos, enquanto sociedade, evitando e combatendo comportamentos e opiniões que sejam muito divergentes daqueles que representam a média dos comportamentos e opiniões.
Provavelmente existem outros aspectos não abordados que nos levem a gerar ruídos que afogam a voz interior de outras pessoas. Mas, para nossa reflexão, penso que estes são bastante presentes e intensos e poderiam ser alvos de nossos movimentos de autoconhecimento.
Da mesma forma que afogamos o outro com nossas falas, argumentos e atitudes, também nos afogamos com os ecos de nossas posturas, que nos impedem de seguir em frente criando, experimentando e até errando na tentativa de acertar.
Acredito ainda que em muitos casos nossos próprios ruídos afogam nossa voz interior.
Aceitar nossa singularidade, a incompletude que nos caracteriza e o grande potencial criativo que existe em nós é desafio monumental em níveis pessoais e coletivos, que precisa de ação constante e incansável.
Acreditar em nós mesmos e aceitar que somos seres únicos que possuem a própria voz, é missão urgente no caminho de construção de nossa felicidade individual.
Perceber que não precisamos ser o espelho da voz coletiva e sim um dos elementos que a compõe talvez seja uma metodologia que nos ajude a cumprir esta missão.
Neste contexto eu diria que não precisamos de coragem, mas sim de audácia. Audácia para agirmos na vida entendendo que não é o coletivo que nos rege, mas que este é fruto da soma das regências individuais e singulares que se reúnem em determinado tempo e espaço.
Quando conseguirmos agir audaciosamente, seremos capazes de apoiar o outro em seus próprios voos criativos experimentais. Abriremos mais campo para que nós mesmos possamos fazer brilhar a nossa luz através do profundo amor que reverbera em nossa própria essência.
Talvez nosso processo educativo não favoreça muito estas ações corajosas...
Desde cedo nós somos educados como pessoas incapazes que precisam ser protegidas, supridas e nutridas; o que é uma verdade no início de nossas existências, mas que vai deixando de ser à medida que crescemos.
Penso que, em certo nível, todos nós precisamos do abraço protetor e nutridor da sociedade em que estamos inseridos, mas importa saber também que somos singularidades dotadas de capacidades para agirmos de forma autônoma e integrada à vida.