É preciso não adiar os abraços que temos que oferecer, os colos que podemos propocionar, os sorrisos e olhares carinhosos para distribuir, os beijos que queremos dar…..
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muita paz
Li algumas vezes o pensamento proposto para me certificar do que era dito e confesso que me surpreendi com o eco que a escuta me provocou. Segui sentindo o pensamento e me questionando sobre a urgência e a premência que habitam a fala.
Embora eu tenha ficado incomodado com o verbo conjugado na primeira pessoa do plural, uma vez que eu teria falado na primeira pessoa do singular, facilmente percebo esta carência de proximidades e humanidades partilhadas. Seria uma necessidade coletiva ou individual?
Por que será que sinto esta necessidade inadiável de me relacionar com mais intimidade?
Que vazios estarei buscando preencher?
De que solidões estarei fugindo?
Por que estarei impondo ao coletivo determinadas posturas? Será que eu estaria cobrando do outro aquilo que me falta?
Estarei delegando ao outro a responsabilidade de suprir minhas carências?
O que está ao meu alcance de realizar em mim? Será que todos os vazios são realmente vazios que precisam ser preenchidos?
Foram algumas das inquietações que nasceram em meu ser nestes minutos de interiorização.
Frequentemente falo do sequestro do outro que realizamos ao falarmos de forma includente, trazendo recomendações e olhares individuais para o coletivo. Estamos olhando para o funcionamento do mundo ou para o nosso funcionamento interno quando elegemos certas recomendações coletivas?
Penso que esta minha forma de perceber o mundo aflorou de maneira vigorosa durante a reflexão e escrita deste texto. Mas, facilmente normatizamos pensamentos e impomos posturas a partir de nossos pontos de vista. Embora acredite que este assunto esteja em pauta em meu coração no momento, talvez esta seja uma oportunidade de refletirmos sobre o assunto!
Somos seres relacionais, não tenho dúvidas sobre isso. Como tais, estabelecemos necessidades relacionais nos campos biológico, social, cognitivo e espiritual. Mas me questiono sobre a autenticidade de nossas expressões relacionais. Por que abraços, colos, sorrisos, olhares carinhosos e beijos seriam tão importantes e urgentes?
Talvez a conexão e o acolhimento da carência do outro sejam tão importantes quanto a abertura de vivê-los no campo dos sentimentos por meio de expressões diferentes. Talvez eu precise me abrir mais e redefinir possíveis conexões e diferentes formas de acolhimento.
Talvez eu esteja aberto para o fato de que há pessoas que preferem seguir a vida com elevados índices de desconexão e que provavelmente não serão pessoas acolhedoras no contexto proposto. Talvez eu esteja falando de meu desejo de seguir mais desconectado, sem tantas obrigações de expressões afetivas de intimidade ou só esteja tentando justificar carências pessoais não atendidas.
Garantidamente, no campo da individualidade, talvez o que eu queira dizer é que, se sinto a necessidade de abraçar, talvez eu deva abraçar mais; se sinto a necessidade de ser abraçado, talvez eu deva anunciar esta necessidade com mais clareza e me permitir receber mais abraços. Entretanto, é preciso elaborar que as expressões relacionais de afeto podem se dar de outras formas e que existem pessoas no direito de preferir estarem ausentes em tais expressões.
De alguma forma esta reflexão revela uma atenção constante em minha vida nos últimos tempos. Sinto a enorme necessidade de considerar a aceitação do outro como ele é sem lhe impor formas de ser, de agir e de pensar. Assim como sinto a necessidade de ser cada vez mais autêntico e menos regulado pelo outro em minhas expressões.
No final das contas, talvez só desejemos ser aceitos e acolhidos em essência...
Li algumas vezes o pensamento proposto para me certificar do que era dito e confesso que me surpreendi com o eco que a escuta me provocou. Segui sentindo o pensamento e me questionando sobre a urgência e a premência que habitam a fala.
Embora eu tenha ficado incomodado com o verbo conjugado na primeira pessoa do plural, uma vez que eu teria falado na primeira pessoa do singular, facilmente percebo esta carência de proximidades e humanidades partilhadas. Seria uma necessidade coletiva ou individual?