230/2023 - Viver a felicidade

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230/2023 - Viver a felicidade
dia do ano
230
Viver a felicidade
mensagem

A felicidade é consequência de um esforço pessoal, e para tanto precisa de pulmões limpos e coração tranquilo; ideias claras e pensamento positivo; desapego dos traumas e das satisfações sem volta do passado; é finalmente, de perfeita comunhão com Deus.
+230-135
muita paz

reflexão

Uau! Definição ousada para os requisitos da felicidade. Nem tenho certeza se algum dia conseguirei acessar esta felicidade plena; talvez seja necessário acomodar-me aos momentos de alegria e aos enfrentamentos que a vida oferece.

Esta proposição utópica de felicidade, hoje, após ter lido o livro "Nunca deixe de acreditar - das ruas de São Paulo ao norte da Suécia" de Christina Rickardson, me parece um inédito viável, como proposto por Paulo Freire, mas de difícil realização.

Quanto esforço pessoal será necessário para atingirmos este estado de felicidade? Será que ele passa também pela felicidade dos outros seres com quem convivemos? 

Hoje sinto que vivo com os pulmões congestionados e limitados pelos sonhos que viraram frustrações, pelas castrações impostas pela convivência social que não se mostra favorável à plena expressão singular de seus integrantes, pelas violências daqueles que lutam para usufruir da vida a qualquer custo e, principalmente, pela finitude de minha existência que demonstra a impossibilidade de dar uma resolução favorável aos pulmões limpos...

Com o coração batendo de maneira descompassada, que revela os muitos Eus que habitam em mim, sigo em persistente busca por integração de mim mesmo que se faz através dos estranhamentos e das intranquilidades do coração. Impossibilitado de sentar, relaxar e contemplar, sinto que sou movido por descompassos intranquilos, inquietos e intensos que fazem com que me sinta vivo...

Diante da enxurrada de pensamentos, de visões, de sonhos, de angústias, de anseios e de construções diversas concretizadas de forma coletiva em sociedade, talvez o que menos se possa acessar sejam ideias claras. Me parece que as dúvidas e incertezas, juntamente com infinitas possibilidades de ser humano, estabelecem um turbilhão caótico de pensamentos em que talvez seja impossível persistir ideias claras por muito tempo. 

Intersomos no tempo e no espaço; produzimos matéria mental diversa e potente que sofre mutação pelo simples contato com outras matérias mentais. A clareza das ideias talvez seja equivalente ao vislumbre dos primeiros raios de sol ao amanhecer. Anunciam a complexidade da vida que desperta...

A positividade pressupõe certezas que não conseguimos nos dar ao luxo de cultivar. Talvez demande fé, confiança e esperança, capacidades espirituais ainda em fase de ensaio em nossa humanidade...

Vivemos entre choques de pensamentos, de ações, de sentimentos, de emoções e de silêncios que fazem idealizações naufragarem a todo momento, forçando-nos a ajustes de curso por vezes drásticos. Nestes naufrágios, talvez os traumas sejam inevitáveis e, diante de tantas incertezas, dúvidas e mudanças; a que mais podemos nos apegar além do que conhecíamos antes dos naufrágios vividos? Lamentos inevitáveis, choramos pelo que foi e não pode continuar sendo. Negamos novas, incertas e assustadoras condições de vida que clamam por esforços exaustivos de adaptação.

Nos satisfazemos com o incerto, com o desconhecido? Talvez seja exigir muito da humanidade que sabe dos presentes que viraram passado e que imagina timidamente possíveis futuros...

Talvez o passado, mesmo cheio de traumas, seja a única ponte entre nós e a concretude de nossa existência. Negá-lo neste momento talvez seja negar a nossa própria existência como seres...

Como comungar com a perfeição absoluta, inacessível e até mesmo irreconhecível a partir de nossa acanhada existência?

Hoje penso que o caminho da felicidade reside na aceitação da aventura, da incerteza e das incalculáveis possibilidades que a vida oferece quando nos abrimos à experiência. Ela passa pelo acolhimento da própria história, mesmo que para isso tenhamos que voltar ao passado milhares de vezes para ressignificarmos o sentido de sermos quem somos para gerar novas possibilidades de futuro.

Compreender que temos pulmões e que existe um ritmo para a vida do coração que estará muitas vezes fora de nosso controle, talvez seja fazer-se observador em meio à tempestade para perceber-se integrado ao caos que flui fazendo a história do universo, que nos inclui em algum capítulo...

Sentir ideias e pensamentos fluindo em ritmos próprios e nem sempre acessíveis à consciência, pode nos libertar a viver o novo, o inédito...

Traumas revisitados podem libertar facetas negadas de nossa humanidade...

E, com tudo isso, talvez ser feliz seja exatamente o oposto do proposto. Pode ser aquele estado da alma que se conforma ao incessante e imprevisível fluxo da vida sem que haja obrigatoriedade de render tributo à consciência.

Talvez a comunhão com Deus passe pela aceitação de que não temos e não poderemos ter controle absoluto sobre nossas próprias vidas e sobre a forma com que nos relacionamos com as demais partes da criação.

Assim, para mim, ser feliz assemelha-se a: 

Aceitar o caos como ordem do universo, surfar os acontecimentos da vida sem as premissas do controle e da previsibilidade, acolher o presente que virará passado e os futuros que talvez nunca se concretizem. Ser fluido e maleável para viabilizar a total integração com os mistérios que o sagrado nos oferece. 

reflexão

Uau! Definição ousada para os requisitos da felicidade. Nem tenho certeza se algum dia conseguirei acessar esta felicidade plena; talvez seja necessário acomodar-me aos momentos de alegria e aos enfrentamentos que a vida oferece.

Esta proposição utópica de felicidade, hoje, após ter lido o livro "Nunca deixe de acreditar - das ruas de São Paulo ao norte da Suécia" de Christina Rickardson, me parece um inédito viável, como proposto por Paulo Freire, mas de difícil realização.

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