Não há maior felicidade do que fazer alguém feliz com o amor que somos capazes de oferecer.
+170-196
muita paz
Seremos capazes de fazer alguém feliz?
Esta pergunta tem ocupado minha mente e coração nos últimos tempos. Hoje fico tentado a acolher a impossibilidade disto.
Percebo que, de modo geral, agimos como crianças imaturas; seres desejantes que preferem evitar responsabilidades, dores e desconfortos.
Anunciamos com frequência: "Queremos ser livres", declarando a intenção de fruição total de nosso desejo.
Adicionalmente, sendo imaturos, estabelecemos um estado interno de frustração, de tristeza, de pesar e de insatisfação sempre que não temos nosso desejo correspondido.
Reclamamos: "Não tenho liberdade!"
Nós e o outro estamos atados às relações com o mundo! Este outro com quem nos relacionamos também possui necessidades que precisam ser supridas, que exigem contrapartidas nossas, o que nos leva a limites relacionais intransponíveis quanto à fruição que podemos viver em sociedade.
Em outras palavras, a felicidade, como vista aqui, a liberdade de fazer o que se quer, possui limites e exige revisões de expectativa.
Em meio à "imaturidade espiritual", a insatisfação e a infelicidade tornam-se companheiras habituais de nossas existências, nos colocando em curso de busca, de aprimoramento e de transformação.
Parece que somos levados ao amadurecimento pelo fato de existirmos e pelo ato de querermos ser infinitamente felizes.
Hoje percebo que a felicidade, que é diferente da total liberdade para viver a alegria da fruição dos prazeres, e do atendimento de nossas expectativas, nasce quando aprendemos a negociar limites com aqueles com quem nos relacionamos; o que me leva a pensar em liberdade.
Kant sugere que "liberdade é fazer o que não se quer, é a autonomia de cumprir seu dever", ou seja, segundo Kant, seremos verdadeiramente livres quando honramos as relações que estabelecemos com o mundo.
Favorecer a felicidade do outro seria, portanto, apresentarmos nossos limites relacionais de maneira clara, revermos nossas necessidades diante do outro e estarmos abertos a favorecer o outro em algumas de suas necessidades.
Mas cabe ao outro significar nossa oferta relacional de liberdade para sentir-se feliz ou infeliz. Talvez o outro, ainda imaturo, se sinta frustrado e infeliz diante dos imites relacionais apresentados por nós como condições para nossa felicidade duradoura.
Desta forma, penso que a maior felicidade se caracteriza quando conseguimos negociar com clareza os limites relacionais, dando ao outro, e a nós mesmos, condições de amadurecimento, ao invés de total ausência de frustrações.
Seremos capazes de fazer alguém feliz?
Esta pergunta tem ocupado minha mente e coração nos últimos tempos. Hoje fico tentado a acolher a impossibilidade disto.
Percebo que, de modo geral, agimos como crianças imaturas; seres desejantes que preferem evitar responsabilidades, dores e desconfortos.
Anunciamos com frequência: "Queremos ser livres", declarando a intenção de fruição total de nosso desejo.