243/2022

243/2022
dia do ano
243
Expressões singulares
mensagem

A maioria não pensa.
muitas palavras que são naturalmente significativas estão distantes de suas propostas.
é a característica destes dias o dizer vazio, desatado das implicações conceituais do que é dito
+243-122
muita paz

reflexão

"A maioria não pensa". 

Esta é, sem dúvida, uma das frases mais fortes que acessei nas últimas semanas.

Quando pensamos, estamos plenamente conscientes do que queremos dizer?

O que seria pensar? Será apenas o uso consciente de conceitos conhecidos? Ou também pode ser o mecanismo inconsciente que nos leva a expressões e atos que precisam ser justificados pelo consciente?

Acho que nossos atos, sentimentos e falas são predominantemente definidos pelas nossas dimensões inconscientes e justificados conscientemente a partir de nossa miopia natural. Este talvez seja um importante ponto a considerar. 

Somos profundos desconhecedores de nós mesmos e de nossa própria realidade espiritual. Agimos por pulsões, por instintos, por emoções, por paixões, por intuições e até pela razão. Por isso, talvez as implicações conceituais das falas não caibam unicamente no uso de palavras. 

Eu diria outra frase bastante forte. "A maioria sente, intui e justifica"

Costumo dizer que somos suficientemente inteligentes para justificarmos o que nós quisermos.

Adicionalmente eu diria que somos suficientemente centrados em nossas necessidades para buscarmos aquilo que é realmente importante para nós, mesmo quando não sabemos como expressar conscientemente.

Vemos frequentemente discursos desalinhados em relação às posturas corporais e às atitudes cotidianas de quem os proferiu. Talvez a única intensão das palavras seja atrair a simpatia das pessoas que estão distraídas e que são facilmente capturadas pelas aparências do instante mas que seguem alheias ao processo relacional da vida na linha do tempo.

Muitas vezes atribuímos à consciência uma responsabilidade que talvez esteja além dela... 

Será que a proposta de uma fala deve ser percebida apenas pelo teor das palavras e do grau de consciência do sujeito?

Talvez os silêncios, as não-falas, as repetições, as insistências, as faltas de coerência e as ressignificações de palavras tenham muito mais a dizer do que os sinais grafados e/ou vocalizados. 

Talvez a análise do discurso deva acontecer com maiores amplitudes.

Acredito que se aderirmos à proposta de análises mais amplas, que empreguem mais elementos, nos surpreenderemos com a astúcia, com a inteligência e com a capacidade individual do discursante que nos causa estranheza.

Talvez nos faltem palavras e pontuações para expressarmos tanta inteligência e astúcia.

Talvez nos falte capacidade de leitura e estejamos querendo limitar a expressão de conceitos a um campo pequeno e incapaz de expressar toda a plenitude humana. 

reflexão

"A maioria não pensa". 

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