*Perder a paciência é desequilíbrio *
Ficar nervoso, irritar-se, não serve
Seja calmo no trabalho, em casa, com os amigos, com todos
Saiba dominar-se e o amanhã será bem melhor.
Se você quer que alguém o aceite, o ame, seja você mesmo o primeiro que saiba se aceitar e amar
+054-311
muita paz
Quantas ricas ideias que dão abertura a muitas compreensões e posicionamentos diante da vida!
Mas sinto a necessidade de declarar minha parcialidade para abordar este pensamento.
Como sou adepto do autoconhecimento e fã do processo de equilibração proposto por Jean Piaget para explicar o processo de aprendizado, não me sinto tranquilo para declarar as perdas de paciência como aspectos a serem erradicados da nossa história.
Aprendi que o aprendizado se dá por processos de desequilíbrio. Há uma situação de conforto, onde tudo parece estar equilibrado e no lugar até que algo acontece e nos tira desta zona de acomodação.
Desejando reestabelecer o conforto e a acomodação, lutamos ferrenhamente em busca de conhecimentos, habilidades e soluções para reestabelecer nosso conforto. Ao atingir nosso intento, nós nos pacificamos e seguimos até a próxima onda de desconforto.
O que Piaget propõe é que o equilíbrio para os seres que conseguem sobreviver e evoluir é um equilíbrio dinâmico; uma alternância de momentos de desconforto e conforto entremeados por movimentos de busca e de aprendizado.
Penso que, ao perdermos a paciência, somos tirados de alguma zona de conforto. Algo que estava acomodado precisa de revisão e nossa impaciência nos revela isso.
Em todos os ambientes relacionais, seja no trabalho, em casa ou com os amigos, corremos o risco de adentrarmos em zonas onde a adaptação é solicitada para sobrevivermos e evoluirmos. Nestes ambientes o medo e a raiva constituem-se importantes ferramentas.
O primeiro nos leva a avaliar riscos e a buscar soluções conciliatórias seguras.
A raiva gera a potência necessária para empreendermos as mudanças necessárias.
Penso que sentir raiva e estar calmo são duas questões que se conjugam. A primeira, a raiva, é uma emoção; uma força ativa que nos mobiliza. A segunda, a calma, é uma resposta racional, um sentimento, que nos ajuda a direcionar a força de transformação de forma positiva e produtiva.
Neste sentido entendo a proposição do "dominar-se para atingir dias melhores".
Afetados pela raiva, somos convocados por nós mesmos diante da vida a construir soluções que atendam melhor nossas necessidades. Com calma, conseguiremos articular melhor nossa capacidade racional e, desta forma, nos tornaremos mais assertivos em nossas avaliações, eficientes em nossas ações e efetivos nas soluções propostas para a resolução da necessidade mapeada.
Mas talvez a grande questão que ainda fique sem resposta seja:
Por que ficamos com raiva? Que necessidade nossa não está sendo atendida?
Muitas vezes nos deixamos levar pelo medo e negamos a nós mesmos a possibilidade de aprendermos sobre nossas necessidades e de construirmos maturidade diante dos desafios.
Na tentativa de não nos responsabilizarmos por nossas carências, por nossas necessidades evolutivas, nós acabamos terceirizando o problema para agressores externos que precisam ser combatidos. Nestes casos a raiva está dirigida para a manutenção de nosso estado de acomodação anterior e não para a construção de um novo patamar de conforto.
Cegos por nosso egocentrismo, nos sentimos agredidos e ofendidos ao invés de nos sentirmos honrados pela possibilidade de crescimento. Nesta hora acionamos os mecanismos biológicos de defesa diante da possibilidade de extinção. Lutamos ou fugimos negando a possibilidade de transformação da realidade vivida de maneira mais significativa.
Acho que esta é a grande distinção entre nós, animais racionais, e os outros animais. Por isso conseguimos vencer as curvas naturais gerando inovação e criando novas realidades.
Ao aceitarmos as necessidades e buscarmos formas mais eficientes de responder estamos nos comportando como Piaget propõe. Estamos buscando um novo estado de acomodação que responda melhor aos desconfortos percebidos e a futuros desconfortos semelhantes.
Diante da proposição final do pensamento
"Se você quer que alguém o aceite, o ame, seja você mesmo o primeiro que saiba se aceitar e amar"
Eu diria que devemos ser os primeiros a nos vermos como criaturas capazes de crescer. Assim devemos nos aceitar e nos amar para nos integramos melhor à vida de relações, onde o outro surge como um estímulo ao crescimento e não como uma ameaça à existência.
Quantas ricas ideias que dão abertura a muitas compreensões e posicionamentos diante da vida!
Mas sinto a necessidade de declarar minha parcialidade para abordar este pensamento.
Como sou adepto do autoconhecimento e fã do processo de equilibração proposto por Jean Piaget para explicar o processo de aprendizado, não me sinto tranquilo para declarar as perdas de paciência como aspectos a serem erradicados da nossa história.