Quando o resto do mundo está ocupado, são sempre os nossos avós que têm os ouvidos, amor e abraços mais pacientes e amorosos para nos oferecer.
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muita paz
Eu confesso que fiquei muito inquieto com esta afirmação. A princípio imaginei que fosse pelo fato de não ter vivido a oportunidade de conviver com meus avós, uma vez que dois deles faleceram antes do meu nascimento e dois deles moravam muito distantes de mim.
As distâncias, sejam elas quais forem, dificultam a convivência e deterioram as relações, reduzindo a intimidade e impedindo o contato físico...
A distância da escassez de tempo, da redução de renda, dos interesses individuais, da violência urbana, da exaustão cognitiva, da falta de saúde, entre outras, nos empurra para a redução da convivência de maneira significativa, degradando nossos vínculos relacionais em todos os níveis, inclusive nos familiares.
Talvez idealizemos as relações com nossos avós, considerando que eles possuem toda a proximidade do mundo, mas arrisco pensar que, em nosso mundo individualista e acelerado, esta idealização também está se distanciando da concretude.
Embora vivamos mais, temos cada vez menos tempo até mesmo para nós. Este fenômeno é cada vez mais comum em todas as faixas etárias e chama a nossa atenção pelas carências que sentimos por não sermos vistos e considerados.
Foi inevitável pensar: Com que estamos ocupados?
A partir daí, pensei que estar ocupado é ocupar-se de algo, dirigir nossa atenção e esforço para atender a um objetivo. Nós nos preenchemos das relações do mundo em um movimento de relação com ele. Estamos ocupados pelo atendimento aos nossos objetivos.
Através desta relação, que apresenta a condição de ocupado para outras possíveis relações, decretamos a que estamos integrados, o que dialoga conosco, com nossos princípios e valores.
Entretanto, experimentando as posições de filhos e netos, sentimos e reconhecemos a importância de sermos abraçados, ouvidos e amados.
Estaríamos vivendo um tipo de incoerência entre o que fazemos e o que valorizamos?
Será que nos desconectamos da ideia de reciprocidade e esperamos aquilo que não damos?
Penso que, tendo ou não avós com quem possamos conviver, percebemos um aspecto de nossa integração com o mundo que carece de atenção. Talvez seja necessário estabelecer uma conexão mais eficiente entre aquilo que nos ocupa e o suprimento de afeto em nossas vidas.
Dar e receber afeto são funções humanas, talvez primordiais, para a manutenção da saúde psíquica e para a construção de laços humanitários. Adoecemos quando nos distanciamos destas funções, mas nem sempre conseguimos nos ocupar delas na sociedade atual.
Eu confesso que fiquei muito inquieto com esta afirmação. A princípio imaginei que fosse pelo fato de não ter vivido a oportunidade de conviver com meus avós, uma vez que dois deles faleceram antes do meu nascimento e dois deles moravam muito distantes de mim.
As distâncias, sejam elas quais forem, dificultam a convivência e deterioram as relações, reduzindo a intimidade e impedindo o contato físico...