Que seria de mim sem a fé que eu tenho em você?

Eu ainda seria alguém, mas talvez desprovido da capacidade de me perceber pequeno e em relações complementares e concorrentes que me estimulam a crescer. Distante da perspectiva da existência de um significado integrador para tudo o que há, talvez eu me deixasse abater pelo desânimo e pela falta de sentido.

Perdido pelo universo, sem a perspectiva de continuidade e sem a urgência promovida pela possibilidade da morte, os dias correriam indiferentes como repetições infinitas de ciclos curtos cujas diferenças entre si são imperceptíveis.

Perdido de mim, incapaz de gerar significado existencial, meus sonhos morreriam e meus pensamentos seriam mecânicos, pobres e cinzas.

Atraído pela gravidade de algum planeta, sem conhecimento de mim, sem sonhos e condenado eternamente ao infinito sem significado, eu seria apenas mais uma partícula planetária arrastada pela órbita de alguma estrela sem identidade. 

Percorreria o universo fazendo coro com outros brilhos de partículas sem identidade e aparente propósito. Talvez pousasse no despertar de alguma entidade celestial, mas, como não me perceberia, seguiria indiferente como partícula planetária integrada ao traje cerimonial de gala para a dança do universo.

Alheio ao mundo, talvez não temesse a morte, mas também não celebraria a vida e nem as belezas construídas pela ideação celestial.

Se me percebo e busco significado existencial, é porque, antes de tudo, orbito em torno do divino, como parte integrante do sagrado que busca sagrar-se em celestial. Por isso, agradeço.

Mantenho a gratidão nos significados possíveis, nos destinos sonhados e também nas dores vividas.