Devoção: O Caminho Pessoal para a Paz Interior
350/2024 - Devoção e Aprendizado350 - 2024 (15/12/2024)MensagemFaz de nós, senhor, instrumentos de tua paz e do teu bem.
Que cada dia de nossas vidas seja abençoado pela disposição
de participar do teu projeto de amor e salvação
Que nossas fraquezas e dúvidas sejam suplantadas pela confiança em tua companhia.
Que assim seja
+350-016
muita pazReflexãoPensando sobre a prece proposta, meu coração foi dirigido para os aspectos devocionais, tão presentes no pensamento religioso. Decidi conversar com a Inteligência Artificial Command R a respeito da devoção antes de escrever a reflexão. Alguns trechos da conversa foram bem interessantes.
"A devoção, do ponto de vista filosófico, pode ser entendida como um compromisso profundo e uma dedicação a um ideal, princípio ou causa maior. Envolve uma entrega voluntária e uma orientação consistente da própria vida em torno de um objeto ou objetivo específico de valor."
"Para alguns, como Platão, a devoção está ligada à busca pela verdade e sabedoria."
"Aristóteles, por outro lado, via a devoção como parte da virtude ética. Em sua visão, as pessoas devotas são aquelas que demonstram um compromisso consistente com a excelência moral e a busca por uma vida virtuosa."
"Outros filósofos, como os estoicos, enfatizavam a devoção como um meio de alcançar a tranquilidade mental. "
"Na filosofia oriental, especialmente no budismo, a devoção é muitas vezes associada à prática espiritual e à busca pela iluminação."
Mas este trecho da conversa foi o que mais me capturou:
"No coração da devoção, encontra-se a ideia de compromisso, coerência e propósito. Envolve uma busca consciente por significado e uma tentativa de viver de acordo com princípios ou valores que transcendem as preocupações individuais imediatas."
A prece fala em um projeto divino e da nossa adesão individual a ele, fala de um ambiente de amor e de salvação em que fraquezas e dúvidas sejam superadas pela confiança e pelo contato direto com o divino.
Confesso que falar em salvação, em acesso ao amor e na resolução de dúvidas e fraquezas aciona diversos gatilhos mentais. A própria ideia de salvação, a meu ver, é um conceito hermético e de difícil concepção para mim. Tenho muita dificuldade de compreendê-lo dentro do contexto religioso em que há uma potência soberanamente amorosa, boa e justa que é onipotente, onisciente e onipresente, mas que me colocou em um contexto de aprisionamento e dor, de onde devo buscar sair através da devoção.
Abordagens mais contemporâneas ocidentais, com maior foco em espiritualidade, estão me ajudando bastante na construção de pontes conceituais que me permitam me conciliar com estes gatilhos de salvação e devoção.
Em textos anteriores, tenho explorado várias destas construções, mas uma das que me entrega suavidade é pensar que eu não preciso me salvar ou ser salvo, uma vez que não estou perdido e nem condenado.
Olhar a criação como uma grande escola em que vivencio desafios de aprendizagem para aprender a ser uma singularidade mais conectada com o universo constrói um verdadeiro oásis em meu peito desertificado pelas culpas e remorsos construídos pelos pensamentos religiosos que me propuseram a necessidade de salvação.
É neste terreno que procuro olhar para a prece proposta e reflito sobre a ideia de devoção. Quais seriam os compromissos assumidos em minha vida? Seriam voluntários ou impostos? Será que consigo estabelecer coerência de minhas ações, sentimentos e pensamentos em relação a estes compromissos? Em caso contrário, o que tem me impedido de trabalhar em favor deste propósito que norteia minha existência?
Acredito ardentemente que a falta de paz que experimentamos ocorre pela falta de coerência entre os compromissos assumidos, nossos sentimentos e nossas ações. Queremos algo, mas acabamos agindo sobre a vida de maneiras incoerentes a este querer.
Talvez estejamos sendo guiados por impositivos externos que nos cobram devoção, mas que não ecoam em nossos corações. Construir paz, diante desta suposição, pode exigir a compreensão sobre os compromissos que norteiam meu querer, passo inicial para agirmos com devoção sincera.
Nesta jornada, talvez necessitemos rever compromissos, desconstruir automatismos e constituir novos hábitos. Tudo começa, entretanto, pela compreensão da causa raiz de nossa falta de paz.
Penso que participaremos do projeto divino de amor com mais eficácia e eficiência no momento em que começarmos a nos preocupar mais com os aprendizados do que com a salvação. Dúvidas e fraquezas são atributos naturais de todo aprendiz e desaparecerão à medida que acessamos os conhecimentos de que carecemos.