• 356/2024 - Gratidão em Movimento

    356/2024 - Alegria na Impermanência
    356 - 2024 (21/01/2025)
    Mensagem

    🎼se a gente é capaz de espalhar alegria.🎼
    🎼se a gente é capaz de toda essa magia🎼
    🎼eu tenho a certeza que a gente podia🎼
    🎼fazer com que fosse natal todo dia🎼
    +356-010

    MUITA PAZ

    Reflexão

    Mas talvez a magia só seja considerada como algo especial por se tratar de algo ocasional, raro e especificamente aplicado.

    Será que partes da alegria e da magia que vemos não seriam apenas uma fantasia de nossas construções e projeções românticas, desconectadas da realidade? Talvez sejam frutos de um recorte geográfico e temporal muito específico que descarta o todo mais abrangente. 

    Talvez as alegrias que buscamos sejam fotografias, observações instantâneas, enquadramentos de algo maior, que não se sustenta no tempo, mas que são capazes de nos inspirar ou de nos frustrar por um tempo. 

    A alegria talvez seja fruto do desejo momentaneamente atendido em um processo de busca infindável diante da vida, que se move determinando a impermanência de tudo em um sistema de equilibração de forças e relações em que a alegria de um pode significar também a tristeza de outro.

    A inteligência artificial Command R define desejo da seguinte forma: "No contexto psicológico, os desejos são motivações que podem levar a ações e são frequentemente associados à noção de prazer, satisfação ou realização." 

    A mesma inteligência nos diz ainda que: "Os desejos são uma parte intrínseca da experiência humana e estão frequentemente ligados às emoções. Podem ser uma força motriz por trás das nossas ações e decisões, e podem nos levar a perseguir objetivos e a alcançar coisas na vida. Também podem ser uma fonte de motivação e inspiração, dando-nos um sentido de propósito".

    "No entanto, os desejos também podem criar insatisfação ou frustração se não forem realizados, ou podem se tornar excessivos ou impraticáveis. Equilibrar os nossos desejos e mantê-los realistas e saudáveis pode ser um desafio, mas também pode ser uma parte importante do crescimento pessoal e do bem-estar emocional"; complementa a IA sobre o tema desejo.

    O psicanalista francês Lacan comparou o desejo a uma busca interminável por um objeto que sempre parece estar fora do nosso alcance, comparável a tentar capturar a próxima letra de um texto que está sendo exibido em uma tela rolante. O objeto do desejo é sempre adiado, sempre um passo à frente.

    Seria a alegria realmente possível em tempo integral e acessível simultaneamente a todos os seres humanos? O atendimento de alguns desejos implicaria na frustração de outros?

    Penso que sim. 

    Olho a vida como um jogo de forças em que há momentos de atendimento de expectativas, mas também há os de frustração. Há, sem dúvida, uma necessidade de maturidade, que nos leve a transcender o desejo de vivermos ilesos e imunes de dores, desafios e frustrações.

    Este caminho de reflexão me leva a pensar que, talvez, a magia da alegria esteja relacionada à forma como percebemos a vida. Devidamente integrados aos mecanismos de impermanência da existência, a alegria pode surgir em novo contexto, quando estamos integralmente adesos às proposições da vida e disponíveis a viver cada momento da melhor maneira possível, sem esperar que algo se dê, mas celebrando quando algo se dá. 

    Sairíamos de um cenário de alegrias e tristezas diante do desejo atendido ou frustrado, respectivamente, para um contexto de gratidão e celebração de cada movimento que a vida oferece. 

    Compreendendo a vida como uma sucessão de realizações disparadas pelo que a vida oferece, seríamos capazes de viver em alegria constante, mesmo diante da não satisfação de nossos desejos. Não espalharíamos alegria, mas a teceríamos coletivamente à medida que atravessamos a esteira do tempo.

    Poeticamente falando, a magia da vida deixaria de ser o que ofertamos para ser como nos vemos e nos integramos à vida que está sempre acontecendo em fluxos e ondas relacionais imprevisíveis.

    Viveríamos o sentido explícito da palavra Natal, o nascimento constante de vivências e de oportunidades relacionais.