Gosto muito dos estudos da Dra. Brené Brown sobre a vulnerabilidade que, bem vivida, abre portas para a humanização de nossas relações, para a integração pacífica na sociedade, para o desenvolvimento da criatividade e para o estabelecimento do sentimento de paz.

A Dra. Brown faz considerações interessantes em seus estudos e algumas conclusões nos levam à gratidão como ferramenta de pacificação de alguns medos e angústias.

Reconhecer-se vulnerável e buscar elaborar a vida a partir desta característica humana que compreendemos tão pouco tornou-se, para mim, um caminho importante para atingir estágios de mais consciência sobre mim mesmo, sobre minha integração à sociedade e sobre minhas interações em sociedade.

Nesta jornada de desenvolvimento de autoconsciência percebi que não sou tão grande e potente quanto imaginava; na realidade percebi que sou pequeno e frágil diante da enormidade da vida, mas, curiosamente, este aprendizado abriu espaço nos campos racional e emocional para me sentir grato e cada vez mais em paz diante da grandiosidade do universo que me acolhe.

Acho que esse sentimento íntimo de gratidão sincera se estabelece naturalmente à medida que compreendemos melhor a nós mesmos no complexo contexto da existência.

Talvez não consigamos investir diretamente no desenvolvimento da gratidão, mas poderemos trabalhar a seu favor através da ampliação da compreensão sobre nós mesmos em relação aos contextos em que estamos.

Eu e a família, eu e a rua onde moro, eu e meu bairro, eu na minha cidade, eu no meu país, ..., eu nas relações com o universo...

Seriam caminhos reveladores de nossa vulnerabilidade, mas também de reconhecimento de que, embora pequenos, também temos espaço importante na composição do todo.

Que seria a ampulheta sem os grãos se areia? Que seria da humanidade sem os seres humanos?

A gratidão acaba nos emprestando a dignidade de sermos pequenos diante do infinito e é por isso que torna-se valor tão importante a ser desenvolvido, mesmo que através de ações indiretas.