• Senhor do destino

    004/2024 - Senhor do destino
    4 - 2024 (04/01/2024)
    Mensagem

    *Sejamos antes de tudo, senhores do nosso próprio destino, das nossas ações e do nossos pensamentos.*
    _Apenas deste modo poderemos nos sentir verdadeiramente humanos e racionais_.
    *+004-362*
    *muita paz*

    Reflexão

    Tenho pensado bastante nesta proposição contemporânea de que podemos controlar nossas vidas através de nossos esforços.

    Estou quase convencido de que esta afirmação precisa ser vista e requer muita meditação. Talvez estejamos fazendo esta afirmação usando as vestes de certa inocência e parcialidade, embora ela seja importante.

    Tenho entrado em contato com muitas histórias de vida nas últimas duas décadas e o repertório que tive a honra de compilar favorece a conclusão de que o final, quando, teoricamente, a jornada do herói deveria nos entregar o final feliz do tipo "e viveram felizes para sempre", constatamos transformações imprevistas em relação às nossas expectativas no início da jornada.

    Me parece que, na maioria das vezes, a realidade nos impede de ter controle sobre os resultados de nossos intentos. 

    A partir deste aprendizado prático, que talvez não represente uma regra e nem o funcionamento normal das vidas, sou forçado a afirmar que jamais seremos senhores de nossos próprios destinos; pelo menos não sentido de que somos capazes de forçar a vida a nos entregar o que desejamos. 

    Em outras palavras: nossas ações, pensamentos e sentimentos não possuem a habilidade e nem a força para fazer com que o universo atenda aos nossos desejos e caprichos. 

    Entretanto, penso que existe grande verdade na proposição de hoje.

    Dada a complexidade da existência, talvez não possamos controlar a resposta da vida aos nossos esforços. Mas, de forma análoga, a vida não é capaz de impor as nossas respostas aos estímulos que recebemos dela.

    Talvez um exemplo ajude.

    Um amigo, que chamarei de Cláudio, casou cedo com o amor da vida dele e durante vinte anos trabalharam e investiram duro nos sonhos da casa própria e da família com muitos filhos.

    Mas, como não controlamos a resposta da vida, após vinte anos, o casamento passou por fortes tempestades e revezes.

    O casal não pôde ter filhos porque a esposa de Cláudio era infértil devido a um problema de nascença que não havia sido diagnosticado até então. 

    O sonho da casa própria foi trocado por um tratamento caro para garantir a sobrevivência de Cláudio, que se viu diante de uma síndrome rara que surgiu repentinamente aos trinta e cinco anos. 

    A relação do casal se fortaleceu diante das seguidas tempestades, novos sonhos surgiram e eles nunca pararam de sonhar e de perseguir a realização de seus sonhos. 

    Curiosamente, os grandes projetos de vida nunca se concretizaram e a força que Cláudio carrega é a de ser, como ele mesmo diz, um improvisar otimista especializado em transformações de vida, uma habilidade que desenvolveu ao longo de seis décadas de existência e de três décadas de luta contra uma síndrome que não tem cura e que já deveria ter sido a causa de sua morte.

    Acho que a história de Cláudio sintetiza meu pensamento. 

    Me inspiro na humanidade de Cláudio, que vive através de suas vulnerabilidades um grau de felicidade e bom humor que vi em poucas pessoas. Uma pessoa bondosa, ética e otimista que segue pela vida da maneira que ela se apresentar.