Há tempo?
094/2024 - Há tempo?94 - 2024 (03/04/2024)MensagemDe todos os mistérios da vida, um dos mais difíceis de decifrar é o tempo.
Ele não volta, não se antecipa, não se adianta nem se atrasa:
Ele está acima e além de todas as coisas, não se deixa moldar, torcer ou enganar.
+094-272
muita pazReflexãoEu não conheço todos os mistérios da vida, mas dentre os que reconheço, considero o tempo como um enigma indecifrável.
Entendo que nossa personalidade, nossa estrutura existencial, se constrói no tempo, através desta sucessão de eventos que ocorrem de forma progressiva e irreversível.
Projetamos o futuro a partir do que vivemos no passado, mas o passado não pode ser vivido novamente e o futuro nunca nos abrigará concretamente com nossas personalidades.
Criaturas mutantes em permanente estado de transformação, nós deixamos de ser quem éramos a cada ocorrência da vida que captura nossa existência no presente. Hoje somos individualidades diferentes do que éramos no passado e podemos afirmar que não seremos no futuro o que somos hoje.
A incerteza impera na base da experiência humana! Por isso vejo o tempo como um enigma indecifrável...
Para pensarmos em antecipações, em adiantamentos ou em atrasos precisamos ter um futuro concreto e pré-determinado contra o qual possamos comparar a ação presente. Mas, se o futuro não existe concretamente, se ele é uma projeção de nosso desejo a partir do que somos hoje, tais comparações tornam-se imprecisas e pueris.
Diante da incerteza, do infinito insondável que nos afeta e da imprecisão que nos impede de definir o futuro concretamente, aceito o tempo como um enigma definido além de nossa capacidade de percepção da realidade, como algo que, consequentemente, não pode ser moldado por nossa vontade.
Reagimos à passagem do tempo sem conseguirmos agir sobre ele. Nos significamos através dele, pela comparação de quem somos hoje em relação ao que fomos ontem e ao que desejamos ser amanhã.
Diante de tudo isso, que possamos viver nosso presente de forma intensa e vigorosa, honrando o que fomos e sonhando com possibilidade de sermos algo diferente. Assim somos capazes de dar ao nosso presente um propósito que significa nossa existência, mesmo que estejamos imersos em um enigma indecifrável.