006/2022

Emoções são um campo curioso para nossas reflexões e normalmente temos dificuldades em falar sobre elas. Acho inclusive que a maioria da população é analfabeta emocional, mas este tema seria uma reflexão à parte!

De certa forma até mesmo a definição e o reconhecimento das emoções é algo difícil. Acho que vivemos muito as emoções mas elaboramos pouco sobre elas.

Uma ideia amplamente disponível é a de que o coração é o lugar onde as emoções se expressam, principalmente as emoções que nos causam expressões de bem estar. Este entendimento está tão amplamente difundido que tendemos a pensar que quem ama tem o coração bom e quem odeia tem problemas de fígado!

A partir deste terreno comum que liga emoções qualificadas e o coração, talvez possamos assumir que a proposição da mensagem nos fala da gratidão como o registro das emoções que nos causam bem estar.

Eu diria que este é um ponto de partida e que nos ajuda a pensarmos sobre este lugar em que colocamos as emoções e a importância delas em nossas vidas.

Mas por que há algumas emoções que desejamos guardar e outras que insistimos em tentar apagar? Ou será que conseguimos ter gratidão por emoções que causaram desconforto e dor?

Por que será que temos dificuldade com o que nos fere e nos causa dor? Será que as respostas emocionais vistas como negativas não nos ajudam a crescermos como pessoas? 

Refletindo sobre isso me dei conta de que talvez nosso objetivo primário na vida não seja o crescimento pessoal, mas sim a sensação de bem-estar experimentada a partir das vivências que atravessamos.

Talvez por isso classifiquemos as emoções em boas e más!

Serão boas todas as emoções que me tragam a impressão de felicidade, conforto e bem estar?

Serão más todas as emoções que me coloquem em estados de desconforto?

Eu não sei ao certo se há emoções armazenadas no coração e nem mesmo se há algum tipo de filtro para que elas sejam guardadas lá.

Não tenho certeza se devemos buscar descartar as emoções que nos causam desconforto e evitar as situações que as promovam em nossas vidas.

Mas o que carrego desta reflexão é que, para me sentir grato, preciso reconhecer a importância de algo em relação às minhas expectativas, aos valores e às visões de mundo que construí para mim. 

Talvez a ideia de gratidão esteja muito ligada aos propósitos que carrego, às utopias que iluminam o meu horizonte e à própria visão que carrego de mim mesmo em relação a estes propósitos e utopias.

Se temos utopias como cenários viáveis inéditos mas inalcançáveis a curto prazo e nossas visões estão repletas de horizontes largos o suficiente para abraçar o universo, talvez seja muito difícil sermos gratos pelo que nos acontece pois teremos dificuldades em medir nosso progresso em relação ao infinito.

Por outro lado, se matamos nossas utopias e seguimos sem perspectivas de futuro que sustentem nossa esperança, talvez não possamos sentir gratidão porque estaremos sequestrados pela ausência de um destino, de um propósito.

Não podemos avaliar progresso se não temos um ponto de chegada; mas se ele for muito distante, talvez nossos progressos sejam tão pequenos que se tornem nulos ou sem valor!

Precisamos de um ponto de partida e de um destino para escrevermos nossas histórias mas penso que estes destinos precisam ter marcos intermediários para que consigamos validar o progresso, a estrada usada para chegar ao destino escolhido e também o próprio destino definido.

A gratidão surgirá como emoção e como sentimento no momento em que conseguirmos verificar o nosso progresso em relação à jornada que estamos trilhando e ficará registrada em nosso corpo sob a forma de estados de plenitude, de bem estar, de felicidade de motivação e talvez até de saúde.

Se desejamos ser gratos talvez tenhamos que definir com maior clareza o nosso destino final e os destinos intermediários para escolhermos caminhos adequados para chegarmos até ele.

Com este quadro definido, sempre que olharmos para o passado tendo o futuro em mente, seremos capazes de experimentar o presente como campo de realização e poderemos celebrar as conquistas fomentando gratidão.

Mas e você? Já sabe qual é a próxima parada em sua jornada para poder avaliar seu progresso e recursos para empreender a viajem?

Emoções são um campo curioso para nossas reflexões e normalmente temos dificuldades em falar sobre elas. Acho inclusive que a maioria da população é analfabeta emocional, mas este tema seria uma reflexão à parte!

De certa forma até mesmo a definição e o reconhecimento das emoções é algo difícil. Acho que vivemos muito as emoções mas elaboramos pouco sobre elas.