Há vícios de nos acharmos sempre certos, para podermos suprir a enorme insegurança que existe em nós.
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muita paz
Estaremos suprindo a enorme insegurança que existe em nós ou apenas respondendo às forças externas de nossas organizações sociais que insistem em negar a autoridade que temos até mesmo sobre nós e nossos pensamentos?
Talvez esta resposta seja uma tentativa de resistência e de preservação de nossa própria singularidade, fruto do medo de deixarmos de existir, da necessidade de existirmos e da dificuldade em canalizarmos energias para o erguimento de estruturas identitárias firmes, vigorosas e ainda assim flexíveis para proporcionar o aprendizado e o amadurecimento espiritual.
Governados por forças internas e externas, penso que existe uma tensão superficial que limita nossa individualidade definindo nossa identidade. O equilíbrio deve ser mantido para que possamos estabelecer nossas personalidades de maneira saudável e sermos no mundo com a maior plenitude possível.
Acredito que o aumento das tensões externas pode acarretar a necessidade de firmarmos com mais potência a nossa singularidade para reduzir o risco de adoecermos pela anulação de nossa identidade.
Talvez por isso políticas afirmativas sejam tão importantes.
Talvez por isso pessoas pratiquem violências e bullying.
Talvez pela falta deste equilíbrio estejamos com tantos casos de suicídio, depressão e síndrome do pânico.
Eu não classificaria como um vício este hábito de nos mantermos afirmando nossa razão. Se sentimos a necessidade de fazê-lo, talvez haja alguma questão interna que precise ser visitada com apoio terapêutico, religioso e meditativo para sermos capazes de nos abrirmos, de aceitarmos a possibilidade de estarmos errados ou com visões incompletas sobre vários assuntos.
Mas o que nossa sociedade faz quando erramos? Quais são as nossas posturas quando mapeamos o erro e a fragilidade do outro? Percebo que estas características de maturidade espiritual são muitas vezes acolhidas como motivo para políticas de cancelamento, discursos de ódio e violências variadas.
Parece que agimos diante da fragilidade do outro como se este outro fosse um terreno arrasado pronto a ser conquistado e anexado aos nossos domínios.
O que fazemos diante das terras arrasadas? Colonizamos? Impomos nossa maneira de ser e de pensar?
Talvez afirmar nossas certezas mesmo quando são incompletas ou incorretas seja uma forma imatura de nos defendermos da colonização pelo outro e um sinal de que precisamo de espaço para nos reconstruirmos e restaurarmos nossa saúde.
Talvez precisemos reduzir as forças externas sobre as singularidades fragilizadas e enfraquecidas para que estas possam lutar menos por seus limites e aplicar melhor suas energias em processos regenerativos e de ampliação de si mesmas.
Talvez nossas inseguranças sejam um sinal potencial de que estamos prontos para dar novos saltos quânticos rumo ao amadurecimento espiritual mas para isto, precisaremos dar saltos de fé, adentrarmos a noite escura dos mistérios e assumirmos nós mesmos mesmo quando há forças colonizadoras vigorosas destruindo nossos jardins.
Talvez seja necessário nos perdermos no deserto de nós mesmos abandonando a periferia de nossa singularidade para colocarmos foco no universo que só nós mesmos conseguimos acessar para, a partir desta introspecção, resurgirmos belos e vigorosos como a fênix ao raiar do amanhecer que ressurge de suas próprias cinzas para realizar seu propósito com frescor e plenitude.
Se nos sentimos combativos e inseguros, que possamos investir em afirmar nossas certezas se julgarmos necessário. Mas que o façamos observando as possibilidades de crescimento interior e de fortalecimento de nós mesmos de maneira independente da opinião do outro.
Estaremos suprindo a enorme insegurança que existe em nós ou apenas respondendo às forças externas de nossas organizações sociais que insistem em negar a autoridade que temos até mesmo sobre nós e nossos pensamentos?
Talvez esta resposta seja uma tentativa de resistência e de preservação de nossa própria singularidade, fruto do medo de deixarmos de existir, da necessidade de existirmos e da dificuldade em canalizarmos energias para o erguimento de estruturas identitárias firmes, vigorosas e ainda assim flexíveis para proporcionar o aprendizado e o amadurecimento espiritual.