095/2023 - Autoconhecimentoe necessidades

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095/2023 - Autoconhecimentoe necessidades
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95
Autoconhecimentoe necessidades
mensagem

É preciso aprender a se gostar.
Aprender a descosturar as bainhas que nos atam ao que é supérfluo e costurar novos remendos, que nos autorizam uma existência de respeito e amor-próprio.
095-270
muita paz

reflexão

Quantas reflexões interessantes podem surgir deste pensamento!

Me senti afetado pelas ideias propostas e especialmente tentado a pensar sobre a relação com o supérfluo e a ideia dos remendos antigos e da necessidade de novos.

Atualmente não é muito comum pensarmos em remendos, em emendas ou em soluções do gênero. O concerto, principalmente em relação a objetos e situações baratas e acessíveis, é algo que não faz sentido. Preferimos pagar o preço de um novo e descartar o quebrado. 

Hoje tendemos a abandonar tudo o que está quebrado ou esteticamente ultrapassado em favor de algo funcional e que esteja na moda. Me parece que temos dificuldade de reconhecer o valor do que já foi construído ou conquistado.

Pensar na necessidade de remendos, de certa forma, é pensar na importância daquilo que já temos ou na restrição de recursos para a troca. Nos leva a pensar sobre valores, sobre capacidades e sobre escalas de prioridade.

Aqui talvez possamos divagar por muitas ideias ligadas à questão do propósito, do objetivo de vida e das metas que precisam ser atingidas; embora tenhamos dificuldade de agir de forma sistêmica, estrutura, persistente e coerente para atingirmos objetivos distantes que nos levem a nossos propósitos.

Neste entroncamento de temas é que me detenho para olhar em outra direção. Não quero pegar a via do debate sobre propósitos, objetivos, motivações, escalas de valores, fé e metodologias de priorização; e nem a via da falta deles... 

Apenas aceitarei que, de alguma forma, estamos dirigidos por algum propósito e que caminhamos em sua direção, mesmo que de forma dispersa e pouco eficiente.

Pensar no que é supérfluo talvez seja pensar que algo que temos ou que buscamos não é útil ou não nos ajuda a chegarmos a nosso propósito.

Talvez uma grande conquista já tenha cumprido seu papel em nossa jornada, pode ter sido útil por muito tempo, mas agora, hoje, não tem mais utilidade.

Talvez tenhamos estabelecido objetivos e metas ainda não atingidos para chegar em algum lugar, mas por força do crescimento, da mudança de objetivos, de metas e até mesmo de propósitos. Estes marcos não alcançados não teriam valor para o eu que somos agora.

Mas não podemos deixar de considerar que, devido à nossa dispersão, à falta de clareza sobre propósitos, objetivos e metas, simplesmente estejamos estabelecendo necessidades que não são necessárias; o que as constituiria como supérfluas. Algo de que não precisamos mais e que pode até estar atrapalhando nossa jornada.

Gosto de pensar nisso porque me parece que a distinção entre o que é supérfluo e o que é necessário é algo que se faz ao longo do tempo e aceita variações infinitas.

Um remendo que foi útil a uma roupa talvez perca a utilidade à medida que não pretendamos mais usar aquela roupa.

A busca de uma costureira para aplicar remendos em uma calça que não pretendemos mais usar talvez não faça sentido. Estaremos desperdiçando esforços que poderiam ser aplicados na busca de uma nova peça de roupa que nos atenda no novo contexto de vida em que nos encontramos. Ela seria uma busca supérflua.

Aceitar que as prioridades mudam, que novas necessidades são estabelecidas e que há necessidades que já não são mais úteis é assumir que há necessidades de novos remendos e que alguns antigos podem ser desfeitos. Significa assumir que somos seres em processo de mutação e que o eu de ontem, enquanto tiver sentido, deve ser mantido, mas, quando perder o sentido, poderá ser abandonado através da ação da descostura.

À medida que seguimos nestas avaliações, estamos aprendendo sobre nós mesmos através de nossas necessidades e do atendimento a elas. Aprendemos a nos reconhecermos, a nos aceitarmos e a valorizarmos o que construímos. Será que isso é a definição de amor-próprio?
 

reflexão

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