🎼Só a bailarina que não tem🎼
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muita paz
Resisti bravamente à tentação de ver o que Adriana Calcanhoto sugere na música Ciranda da Bailarina. Procuro sempre manter a reflexão a partir do que a citação proposta ilumina em minha subjetividade. Mas desta vez, confesso que o que veio foi vazio, um espaço vazio e não iluminado que não me remetia a nada.
Daí decidi me inspirar neste movimento e lancei um questionamento que talvez seja pertinente.
Como será que as bailarinas, pessoas ligadas às artes do movimento cadenciado, que são capazes de emprestar palavras de um vocabulário especial para contar uma história, seriam capazes de representar o vazio e a escuridão?
Seria este o único momento em que elas estariam estáticas, imóveis e sem expressão?
Ou gozariam de plena liberdade criativa para falar livremente de anseios, incertezas, medos, expectativas, sonhos e projeções?
Talvez a escuridão e o silêncio nos tragam a ausência de limites e referências externos, fato que nos liberta para assumirmos em profundidade e liberdade quem somos.
Fico tentado a pensar que uma bailarina mergulhada na escuridão e no silêncio estaria ativamente em movimento coordenado por seu ritmo interno, ao contrário da maioria das pessoas, principalmente daqueles desconectados de suas singularidades e com vocabulários que não abraçam as artes.
Como não bailarino, eu carrego a quase certeza de que congelaria diante da escuridão. Buscaria a pseudo-segurança da imobilidade e do silêncio. Eu teria medo de mim mesmo, da ausência de limites, da absoluta liberdade de não ser visto e nem julgado.
Mas talvez as bailarinas sintam-se instigadas ao movimento ritmado por seus próprios corações. Talvez os mais belos movimentos de uma bailarina estejam ocultos no mistério singular da alma de uma artista do movimento dedicado aos seus próprios sonhos e fruições.
Seguras de seus próprios corpos e possibilidades, talvez bailem na escuridão como nunca fizeram sob a luz dos holofotes do palco...
Resisti bravamente à tentação de ver o que Adriana Calcanhoto sugere na música Ciranda da Bailarina. Procuro sempre manter a reflexão a partir do que a citação proposta ilumina em minha subjetividade. Mas desta vez, confesso que o que veio foi vazio, um espaço vazio e não iluminado que não me remetia a nada.
Daí decidi me inspirar neste movimento e lancei um questionamento que talvez seja pertinente.