Gentil é aquele que passa pela vida do outro, toca-o com leveza e carinho e o marca onde ninguém mais pode ver….
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muita paz
Penso que as relações que estabelecemos são portais para um lugar de comunhão e aprendizado. Elas carregam os potenciais de transformação e de transcendência; mas também podem esconder ameaças à nossa identidade.
Para atravessarmos este portal e aproveitarmos plenamente a experiência, nós precisamos estar desprovidos de julgamentos e de escalas de valores que desqualifiquem e neguem a igualdade, mas também precisamos renunciar a nossa visão egoica, da necessidade de nos significarmos através da imposição sobre o outro.
Neste universo paralelo que entramos através da relação podem acontecer transformações vigorosas de nós mesmos, relações catalisadas por quem o outro é.
Um mergulho profundo neste universo paralelo caracteriza-se como encontro de intimidades. De alguma forma, este encontro com crenças e valores diferentes dos nossos fomentam a avaliação, a edição e a ampliação de nossas crenças e valores.
Despidos de armaduras, reconhecendo nossa fragilidade e aceitando a fragilidade do outro, nós nos permitimos crescer juntos.
Mas, é preciso resistir à tentação de dominar, de sequestrar e de reformar o outro para nos servir de alguma forma.
Em um campo onde estamos desarmados, onde as fragilidades são visíveis e não latentes, facilmente marcamos e somos marcados de maneira profunda; facilmente nos sentimos ameaçados; facilmente nos machucamos e machucamos ao outro.
Entretanto, apesar dos riscos, nós podemos crescer de formas inimagináveis. Despidos das armaduras que vestimos como proteções, mas que funcionam como amarras, toda a energia que flui neste universo relacional paralelo pode ser usada para transcendermos quem somos e seguirmos juntos para outros níveis de entendimento de humanidade. Talvez por isso as relações sejam tão estimulantes.
Gosto de pensar nas relações como um templo sagrado e nos encontros que estas relações oferecem como altares onde colocamos nossas oferendas ao divino. Um espaço onde podemos ver a nós mesmos através do outro; mas também um espaço onde somos espelho para o outro.
Reunidos nesta sala especial, que distorções causamos nas imagens que o outro veio buscar através de nós? Que distorções são apresentadas a mim pelo outro?
Será que o que vejo é real? Será que diz respeito apenas a mim? Ou a imagem apresentada a mim está poluída pelo que o outro é?
Talvez não seja possível me ver como realmente sou. E este fato se deve à dificuldade que enfrentamos para apresentar a imagem do outro desprovida de nós mesmos, sem julgamentos.
Por isso acredito que o toque leve e carinhoso é potente. Impossibilitados de apresentar a realidade do outro a ele mesmo, nosso toque pode revelar o outro a ele mesmo com tons de amor e de estímulo ao crescimento. Podemos apresentar bálsamos para feridas, alívio para dores e possibilidades de autocura.
Que marcas escolhemos deixar no outro durante estes encontros de intimidades em que estamos desprovidos de nossas armas e armaduras?
Penso que as relações que estabelecemos são portais para um lugar de comunhão e aprendizado. Elas carregam os potenciais de transformação e de transcendência; mas também podem esconder ameaças à nossa identidade.
Para atravessarmos este portal e aproveitarmos plenamente a experiência, nós precisamos estar desprovidos de julgamentos e de escalas de valores que desqualifiquem e neguem a igualdade, mas também precisamos renunciar a nossa visão egoica, da necessidade de nos significarmos através da imposição sobre o outro.