208/2023 - Paridade e progresso

Confesso que não consegui formular valor absoluto sobre a escala de valores proposta entre cautela e arrependimento.

Acho que carrego o gene da relativização e o aplico em tudo! Talvez por isso nada seja simples em minha mente...

De qualquer forma... 

Quando penso em cautela, tendo a pensar em mitigação de risco, aumento de custo, aumento de complexidade sistêmica, engessamento, controle, burocracia, realização lenta e até mesmo imobilidade. Talvez, diante de alguns cenários, a cautela seja o decreto de morte para oportunidades, realizações e aprendizados importantes. Pode até significar a morte em alguns casos extremos! Morte de negócios, morte de instituições, morte de projetos, morte de produtos e serviços, morte de pessoas...

Sobre cautela, lembrei muito do Nassin Taleb, pensador potente na área de administração. Ele costuma dizer que se nos orgulhamos da primeira versão de nosso produto, talvez tenhamos levado tempo demais para lançá-lo e ele não seja mais viável economicamente...

É claro que não queremos ser escritores de fracassos, mas, por outro lado, o arrependimento também é dor potente que afeta profundamente nossa capacidade de realização. 

Após executarmos algo, quando descobrimos que geramos prejuízos e danos, tendemos a ficar congelados nas posturas de remorso, lamentando não termos evitado o que talvez não fôssemos capazes de prever com o conhecimento que tínhamos no momento da execução.

Por vezes é necessário assumir riscos e seguir em frente em ciclos contínuos de avaliação, auto-responsabilização, ajustes e compensações. Nem sempre somos capazes de capturar o que é essencial ou de prever desdobramentos avassaladores até que seja tarde demais. 

Mas talvez existam cenários em que um pouco de conhecimento aplicado e simulações evitem graves confusões.

Tendo a pensar que a coragem de assumir o que acreditamos e a força para buscar a realização de nossa crença sejam as habilidades mais necessárias. Juntamente com o diálogo, mas sem deixar de considerar a autonomia que possuímos individualmente, talvez consigamos estabelecer um ritmo de inovação que promova progressos sustentáveis e renovação constante em níveis crescentes de complexidade da vida.

Penso que, de forma precedente a medidas de cautela e arrependimento, seja necessário estarmos atentos para a caminhada que realizamos. Talvez uma medida justa seja a avaliação constante dos passos que temos dado em relação ao que já realizamos e ao que desejamos realizar.

Em uma jornada estimada de 10.000 passos, quando sabemos que só somos capazes de realizar 10 passos por ano, talvez precisemos de menos cautela e mais audácia para aumentar o ritmo da caminhada.

Mas será necessário acelerar com atenção; avaliando frequentemente os resultados obtidos e coletando indicadores de progresso, mas também de impacto sobre as vidas envolvidas direta e indiretamente. Só assim poderemos dizer se é possível aumentar ainda mais a velocidade, ou se será necessário reduzi-la consideravelmente. 

Esta avaliação sistemática nos permitirá também validar a jornada de 10.000 passos contra os nossos ideais, projeções de futuro e expectativas. Talvez concluamos que esta não é mais uma caminhada válida e até mesmo que é inviável diante do que aprendemos enquanto caminhamos.

Por tudo isso penso que cautela e constatação de erros de avaliação, ou arrependimento se você preferir, devem ter igual importância diante da vida. São recursos que podem andar lado a lado, como ferramentas importantes de geração de prosperidade.

Confesso que não consegui formular valor absoluto sobre a escala de valores proposta entre cautela e arrependimento.

Acho que carrego o gene da relativização e o aplico em tudo! Talvez por isso nada seja simples em minha mente...

De qualquer forma...