317/2023 - Obediente ou criativo?

Eu acho que uma inquietação perene e infinita habita em mim. É uma inquietação curiosa, questionadora e crítica que deseja revisitar as ideias postas para encontrar novas possibilidades...

As mensagens matinais do Bira, enviadas diariamente há anos, sem falhas, são centelhas em câmara inflamável cheia de combustível de transformação e de autoencontro. 

Através do Acordei Inspirado tenho desenvolvido e fortalecido o entendimento sobre espiritualidade, amor e superação. Descobri que não gosto de conflitos e brigas, que sou a favor da liberdade e que acredito em um contexto de amor, educação, progresso e felicidade que ultrapassam nossas capacidades humanas de compreensão.

Tentamos nos apropriar do entendimento do que é sagrado, ensaiamos hipóteses e teorias, postulamos sobre o funcionamento de tudo e seguimos buscando este locus do divino em nós e da paz manifesta.

Neste universo, compreendo com clareza a proposta de domar o pensamento, de educá-lo para operar a serviço da construção do amor, da paz e da felicidade. Mas eu não poderia deixar de falar do desconforto causado pela ideia de conter com força o pensamento, de reduzi-lo à obediência irracional. 

Veja o que encontrei sobre domar: 

1. reduzir à obediência (um animal selvagem), submetendo-o pela força bruta ou à custa de exercício e ensino; amansar, domesticar.

2. submeter à autoridade (a propósito de adversários); subjugar, vencer.

Definições de Oxford Languages no Google.com

Em meu coração brotou o desconforto do uso da força, talvez até da violência, quando falamos em domar o pensamento, esta ferramenta que, aliada à criatividade e à liberdade, pode ser valiosa ferramenta de superação de nós mesmos e de prospecção sobre os insondáveis mistérios da existência e de nós mesmos.

Acredito que à medida que avançamos na escuridão do desconhecimento, natural e invariavelmente, produziremos pensamentos promotores de amor e de esperança, portanto, altivos.

Compreender o funcionamento da máquina geradora de pensamentos, entender porque alguns lugares por onde passamos são gatilhos para nossas expressões; abdicar do estrito controle consciente do ego e dar espaço para o espiritual se manifestar através do inconsciente, nos guiando ao crescimento, me parece ser o caminho.

Ao invés de conter, domar e domesticar; vejo o acompanhar, questionar e o transformar como caminhos modernos e menos dolorosos de nos construirmos como seres humanos.

Confiar no sagrado, na irrevogabilidade do destino de felicidade plena e de amor, seguir pelos caminhos com abertura de aprendiz, mesmo que o caminho seja tortuoso e difícil, seria o contraponto ao pensamento proposto.

Talvez a conjugação dos dois caminhos e o desenvolvimento da sabedoria para equilibrá-los seja o ponto-chave de nossa felicidade.

Eu acho que uma inquietação perene e infinita habita em mim. É uma inquietação curiosa, questionadora e crítica que deseja revisitar as ideias postas para encontrar novas possibilidades...

As mensagens matinais do Bira, enviadas diariamente há anos, sem falhas, são centelhas em câmara inflamável cheia de combustível de transformação e de autoencontro.