Este mundo precisa de paz, compreensão, transparência, amor e respeito para não cair no desespero.
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muita paz
Desde que comecei a estudar psicanálise, comecei a perceber que costumo projetar externamente o que está em mim. Este aprendizado me levou a pensar que não sei o que o mundo e nem mesmo o outro precisa, mas que esta impressão do que é necessário refere-se, frequentemente, às minhas próprias necessidades.
Neste sentido, o texto reverberou profundamente em mim. Hoje afirmo com tranquilidade de quem está aprendendo a reconhecer as próprias carências:
Preciso de paz, de compreensão, de transparência, de amor e de respeito, pois me sinto, frequentemente, na beira do despenhadeiro do desespero.
Desejo ter grandes lastros de previsibilidade sobre o mundo que me ofertem a possibilidade de controlar o mundo à minha volta! Acredito que assim terei segurança para usufruir o mundo conforme minhas expectativas, sem que experimente frustrações. Por isso preciso de transparência.
Desejo que o mundo compreenda e aceite minha maneira singular de ser e de me expressar, por mais exóticas que sejam minhas fórmulas de funcionamento da sociedade e da vida. Por isso preciso de compreensão, amor e respeito.
Imagino que viver em um ambiente onde eu não me frustre, onde sou integralmente aceito por todos e minha vontade prevaleça me trará paz.
Talvez por tudo isso eu declare para o mundo como ele deve me tratar.
Entretanto, fico pensando sobre minha dificuldade em ser transparente nas relações com o outro quando o assunto é o atendimento de meus desejos e o aumento da possibilidade de fruição da vida...
Será que sou capaz de oferecer compreensão, amor e respeito ao outro? Será que ele também precisa e deseja ser tratado assim?
Se a resposta a este questionamento for positiva, talvez tenhamos um grande problema relacional que só se resolverá quando eu renunciar a parte de meus sonhos e desejos para abrir espaço para que o outro também tenha algum nível de experiência não frustrante.
Para tanto, entretanto, talvez o ponto primordial da paz não seja a compreensão, a transparência, o amor e o respeito, mas a capacidade de dialogar com o outro à beira do abismo do desespero, onde somos capazes de nos vermos, mas também ao outro.
Acho que teremos que aprender a caminhar juntos, com algum nível de frustração, conscientes de que estamos na beira do abismo. Assim poderemos negociar melhor o apoio mútuo de onde nascerá algum nível de felicidade e paz maior do que vivemos hoje.
Desde que comecei a estudar psicanálise, comecei a perceber que costumo projetar externamente o que está em mim. Este aprendizado me levou a pensar que não sei o que o mundo e nem mesmo o outro precisa, mas que esta impressão do que é necessário refere-se, frequentemente, às minhas próprias necessidades.
Neste sentido, o texto reverberou profundamente em mim. Hoje afirmo com tranquilidade de quem está aprendendo a reconhecer as próprias carências: