🎼Não se afobes não🎼
🎼que nada é pra já🎼
🎼o amor não tem pressa🎼
🎼ele pode esperar🎼
+111-255
muita paz
Fiquei pensando sobre esta pressa, não recomendada porque o amor não tem pressa.
Lembrei de uma professora de geometria analítica, um saber da matemática, que me apresentou a magia da representação nos gráficos cartesianos.
Eu não lembro exatamente a série escolar que eu estava cursando quando aprendi sobre translação, rotação e reflexão, operações de transformação geométrica, mas naquele bimestre aprendi muito mais do que simples geometria.
Eu diria que vivi uma ampliação de consciência, embora à época não tenha percebido o ocorrido como tal.
Sob que ponto de vista vemos os objetos de nossa realidade? Embora se mantenham em sua forma, podemos ter impressões diferentes ao integrá-lo a um sistema de coordenadas ou realidade.
Mais adiante aprendi que a matemática apresenta múltiplas formas de representação da realidade, descobri a incerteza das medidas, a beleza dos cálculos aproximados, os números complexos e até mesmo os números imaginários, para citar algumas revoluções internas...
Acho que a matemática colocou tantas camadas de abstração em minha mente que, ao ler uma citação, não consigo me deter ao aspecto visual; sempre procuro os pontos de vista de quem fala e de quem lê, as medidas de incerteza, os níveis de precisão e de imprecisão, definições de escala, entre outros aspectos.
Procuro sentir o volume do que vejo, compreender melhor o corpo representado em um sistema de realidade.
Foi neste contexto que me perguntei:
Quem se afoba?
Por que se afoba?
Qual é a série histórica de ações em busca o amor de quem se afoba?
Quem aconselha?
Por que aconselha?
Qual é a série histórica de ações em busca o amor de quem aconselha?
Como cada um estará definindo este amor?
Estaremos falando do mesmo objeto?
Compartilhamos um mesmo sistema de coordenadas, uma mesma realidade?
Pressa, urgência, importância e calma definem-se em sistemas de realidade, são relativos à singularidade que habita a vida.
Acredito que o amor, como objeto que se materializa em nossos sistemas de realidade, pode representar esperança ou desesperança, alegria ou pesar. Pode ser algo a ser buscado ou algo a ser evitado. Tudo dependerá de como aquele que busca significa este objeto em seu sistema. Qual é o eixo de coordenadas usado?
Que referenciais usamos? Talvez a busca do amor para uma pessoa de setenta anos tenha um peso diferente em relação ao peso para uma criança de cinco anos. Além do peso, será que a definição de amor é a mesma?
A urgência se faz quando sentimos que algo muito importante está distante de nós, o que talvez exija grandes esforços no tempo. Qual será a expectativa de vida que quem busca e a de quem aconselha?
Em minha crença espiritualista, tenho exercitado me pensar em um sistema de realidade em que o tempo não tem tanto peso. Embora tenha uma existência finita, acredito que há vida após o fim da existência como a entendemos e que outras oportunidades de construção serão apresentadas pelo universo. Buscar o amor, neste contexto, é um esforço contínuo de descoberta da realidade imaterial e não requer urgência
Há crenças espiritualistas que acreditam que a experiência vivida no presente é determinante para a felicidade ou para a infelicidade eternos. Neste contexto, se o amor estiver conectado à felicidade, será uma urgência cada vez maior à medida que a idade avança.
Se olharmos para um sujeito materialista, que não acredita em vida após a morte, talvez seja até indiferente ao amor, dada a finitude da vida, talvez busque conforto e plena fruição da vida, sem dar importância ao amor.
É claro que estes cenários são reduções que exemplificam a questão dos sistemas de realidade e estão muito longe de serem a descrição de todos os cenários possíveis, mas acredito que cumprem o propósito ilustrativo.
Neste sentido, penso que talvez não nos caiba o aconselhamento prescritivo sobre a busca do amor.
Em relação, podemos colaborar com aquele que se afoba, ajudando-o a conhecer outros sistemas de realidade. Podemos contar sobre como damos significado ao objeto amor, como o buscamos, como percebemos o tempo.
Ainda em relação, poderemos aprender sobre outros sistemas de realidade, o que nos ajudará a nos posicionarmos melhor diante da vida. Realizarmos translações, rotações e reflexões do objeto observado poderá trazer novos significados e gerar novas abordagens em nossas vidas.
Por isso gosto das perguntas. Elas nos colocam na posição de aprendizes curiosos e despertam no outro a possibilidade de olhar para si sob sistemas diferentes.
Quando falamos de nossa experiência, permitimos que o outro compreenda melhor o nosso sistema de realidade. Esta compreensão poderá lhe render translações, rotações e reflexões do objeto, operações que poderão aumentar ou reduzir a importância dele e até mesmo a urgência da busca.
Por isso, diante da afirmação, eu perguntaria àquele que manifesta calma diante da busca do amor:
Por que você declara que estou afobado?
Qual é a sua dimensão de tempo e quais são as suas expectativas de realização dentro desta perspectiva?
O que você define por amor?
O que é possível realizar enquanto o amor espera? Por que esta realização é tão importante para você?
E assim, talvez pudéssemos estabelecer parâmetros comparativos de nossas realidades que nos ajudariam mutuamente a nos posicionarmos melhor diante de nossas buscas e construções.
Fiquei pensando sobre esta pressa, não recomendada porque o amor não tem pressa.
Lembrei de uma professora de geometria analítica, um saber da matemática, que me apresentou a magia da representação nos gráficos cartesianos.
Eu não lembro exatamente a série escolar que eu estava cursando quando aprendi sobre translação, rotação e reflexão, operações de transformação geométrica, mas naquele bimestre aprendi muito mais do que simples geometria.
Eu diria que vivi uma ampliação de consciência, embora à época não tenha percebido o ocorrido como tal.