176/2024 - Flores e tempestades

Falando em virtudes, a minha predileta é a coragem.

Assumir-se frágil e não se impor diante das imposições do outro, abrir espaço para que o outro se sinta seguro, criar entendimentos de que continuamos a existir, mesmo quando não impomos nossos valores e crenças, ser flexível, estar aberto as mudanças, são atitudes relacionais que podem levar à doçura.

Talvez esta, a doçura, seja uma construção que nasce no exercício de outras virtudes e represente nossa plena adesão à ideia de humanidade e de humanização.

Aceitar-se vulnerável e posicionar-se como criatura perfectível que precisa de ajuda é atitude nobre que revela doçura e brandura.

Mas fico tentado a ponderar se a violência, a dureza e a cólera também não seriam expressões humanas válidas e necessárias.

Até mesmo o vento, que é brisa na maior parte do tempo, tem seus dias revolucionários e violentos de tempestades transformadoras de realidades. 

Por que ser humano não poderia integrar também atitudes resolutivas, impositivas e transformadoras de realidades imediatas?

Preocupo-me muito quando excluímos do espectro de humanidade a rudeza, a raiva, a tristeza, a cólera e a ganância, entre outras características. Estas expressões carregam a pulsão de morte, de transformação, potência transformadora essencial à existência e à sobrevivência de todos os seres vivos. 

Falando em virtudes, a minha predileta é a coragem.

Assumir-se frágil e não se impor diante das imposições do outro, abrir espaço para que o outro se sinta seguro, criar entendimentos de que continuamos a existir, mesmo quando não impomos nossos valores e crenças, ser flexível, estar aberto as mudanças, são atitudes relacionais que podem levar à doçura.

Talvez esta, a doçura, seja uma construção que nasce no exercício de outras virtudes e represente nossa plena adesão à ideia de humanidade e de humanização.