Conquistar corações alheios pelo amor é a maior vitória que se pode alcançar na vida.
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muita paz
Eu carrego uma certa implicância com algumas palavras, talvez porque me remetam a terrenos onde mapeio medos, inseguranças e mistérios ainda insolúveis para meu coração; conquistar, sem dúvida alguma, é uma destas palavras!
Há quem fale em imposições, guerras, confrontos, combates, embates, batalhas, desafios e conquistas com grande facilidade, mas, definitivamente, eu não estou relacionado entre estes...
Conquistar algo sempre atravessou meu coração de maneira desconfortável e, ao ler a proposição de "conquistar corações alheios", eu diria que se instalou certo descompasso em mim.
A ideia de conquista me remete à ideia de posse e, necessariamente, às ideias de domínio e de controle; que me levam à negação de liberdade e à redução de autonomia do outro.
Talvez possamos construir juntos outras obras para a vida!
Na realidade, estou certo disso.
Talvez o caminho relacional e dialogado em que mantemos nossas autonomias e nos respeitamos profunda e mutuamente represente uma utopia desafiadora e a via mais lenta de realização em sociedade.
Muitas vezes nos sentiremos tentados a estabelecer hierarquias e a definir estruturas de acesso diferenciado à distribuição de recursos e afetos baseados em uma escala de importâncias das pessoas em relação e dos fluxos do poder estabelecidos em cada época e sociedade.
Estabelecer graus de conquistas para justificar merecimentos e privilégios em relação a outras pessoas tem sido a história da humanidade...
Talvez a percepção da existência como um desafio de acesso a recursos escassos para sobrevivência, seja um forte componente para estes sistemas relacionais humanos inevitáveis que provocam felicidade, bem-estar e ausência de conflitos, mas também dependências, frustrações e sofrimentos.
Me parece que conquistar o outro, por quaisquer meios, significa assumir a autonomia do outro, definindo-o como dependente de nós. Por isso pondero seriamente sobre a necessidade de conquista.
Que metas, projeções e idealizações estamos propondo ao definirmos necessidades de vitórias?
O que estaremos negando?
De que estaremos fugindo?
Podemos viver sem vitórias?
O que significa sermos derrotados neste contexto?
Temo ter mais perguntas e inquietações do que respostas, mas, provavelmente, isto signifique sermos humanos...
Penso que seremos mais capazes de promover felicidade e paz se nos desconectados de nós mesmos, de nossa visão egoica sobre o mundo e sobre nossa importância para ele.
Viver sem a necessidade de ser reconhecido, não depender do outro para sermos no mundo, pode ser a fonte da paz que tanto buscamos!
Em um mundo mediado pela necessidade de reconhecimento através do espetáculo, talvez a grande vitória seja não precisar ser amado, não precisar ser reconhecido, não precisar ser vitorioso. Poder viver sem precisar gerar dependências ou expectativas do outro sobre nós...
Simplesmente existir, através do próprio valor, através das próprias conquistas e superações pessoais. Perceber que o mundo não é só sobre nós e que todos possuem igual valor, embora calçados em diferentes moedas, é o desafio de nos pensarmos para além das vitórias.
Diante de tudo isso, "amar pelo simples ato de oferecer ao outro o nosso melhor, sem esperar retribuições, reconhecimentos, deferências ou rendições", é o mantra que ecoa em meu peito e é confrontado pela ideia de conquista do outro.
Arrisco dizer, sob a ótica proposta de confrontos e vitórias, que a vida, hoje, é mais sobre a necessidade de buscar e celebrar derrotas do que sobre construir vitórias...
Eu carrego uma certa implicância com algumas palavras, talvez porque me remetam a terrenos onde mapeio medos, inseguranças e mistérios ainda insolúveis para meu coração; conquistar, sem dúvida alguma, é uma destas palavras!
Há quem fale em imposições, guerras, confrontos, combates, embates, batalhas, desafios e conquistas com grande facilidade, mas, definitivamente, eu não estou relacionado entre estes...