Diálogo de Verdades: Construindo Pontes em um Mar de Perspectivas
332/2024 - Harmonia nas Diferenças332 - 2024 (27/11/2024)MensagemMais vale o desconforto da verdade que a comodidade da mentira.
+332-034
muita pazReflexãoPodemos entrar em um campo de avaliação ética nesta reflexão, o que nos exigiria pensar também sobre os códigos morais adotados, que carregam a força da sociedade, da cultura e do tempo em que se constituíram. Entretanto, pensar sobre a flexibilização das verdades me parece ser uma visão mais instigante ao coração.
A ideia de existência de uma única verdade, capaz de dirigir todas as ações humanas nos diversos campos relacionais, me parece uma utopia inalcançável que nos revela o desafio de negociarmos visões de mundo, ideações coletivas e desejos individuais.
Coloca em relação, desejamos grupos sociais estáveis, através dos quais possamos ter o atendimento básico de nossas necessidades, mas também a possibilidade de concretização de nossos sonhos e desejos individuais.
Nos posicionamos diante da vida usando as lentes que construímos durante a história de nossas vidas. A história de nossos ancestrais, o local onde crescemos, as crenças e valores de nossos pais e a cultura local são apenas alguns elementos que fazem com que sejamos quem somos.
Como pessoas únicas, indivíduos singulares, talvez partilhemos algumas visões de mundo, mas não nos reduzimos a estas convergências.
O lugar que ocupamos na sociedade, bem como nosso próprio conjunto de crenças e valores, também nos leva a reflexões e a conclusões distintas sobre a vida. Uma pessoa que nunca tenha ficado doente talvez não valorize tanto os serviços de assistência à saúde em sua cidade, quanto uma pessoa que tenha nascido doente.
Uma pessoa daltônica não conseguirá gerar significado para determinadas cores e sua realidade será diferente das pessoas não daltônicas.
Um cego de nascença aprenderá a significar o mundo por outros sentidos, o que o colocará em contextos muito distintos daqueles que significam o mundo através da visão.
Desta forma, talvez possamos pensar em verdades individuais e verdades coletivas que precisam dialogar para estabelecermos uma sociedade próspera e pacífica.
Lembro de uma ilustração muito significativa e criei uma fábula para ilustrar as verdades individuais.
Um macaco encontra uma girafa em um grande lago e dialogam sobre a possibilidade de mergulho em segurança. O macaco pergunta à girafa se o lago era fundo e ela lhe responde que não, já que estava com o pescoço fora da água. O macaco, sem considerar a diferença de alturas entre ele e a girafa, mergulha e, antes de se afogar, chama a girafa de mentirosa.
A ideia de profundidade do lago e de segurança para o mergulho está fundada sobre que ponto de vista?
Ambos, o macaco e a girafa, falavam a partir de suas verdades e, neste sentido, não há mentira, apenas falta de avaliação mais profunda sobre os fundamentos das verdades de cada animal.
Que verdades estamos considerando quando classificamos o outro como mentiroso? Há outras possibilidades de interpretação da realidade? Será que minha forma de perceber a realidade pode ser interpretada como verdade única ou verdade preponderante sobre outras verdades?
Talvez o desconforto da verdade e da mentira nasça quando percebemos que não somos o centro do mundo e que precisaremos dialogar e conviver com atenção mais profunda, sem nos colocarmos no centro do universo ou das relações. Há grandes possibilidades de que nossos valores não sejam os únicos válidos para a vida de relações...