• A Utopia da Paz: Amor e Respeito em Caminhadas Distintas

    333/2024 - Igualdade em Caminhos
    333 - 2024 (28/11/2024)
    Mensagem

    Atuará o indivíduo para a conquista da paz, sempre que:
    Podendo odiar, ame
    Podendo destruir, construa
    Podendo complicar, facilite
    Podendo agredir, abençoe
    Podendo perdoar, auxilie
    Podendo abandonar os que são difíceis, os acompanhe na rota do próprio reajustamento
    +333-033
    muita paz

    Reflexão

    A partir da proposição de posturas de amor, de construção, de facilitação e de auxílio ao outro, fiquei me perguntando:

    Será possível criar ambientes de paz? Ambientes que, por definição, sejam tranquilos, sem conflitos, sem problemas ou violências? 

    Ambientes onde o acordo e a concórdia sejam a principal característica?

    Talvez estejamos falando de uma utopia, que norteia a organização de nossas relações e grupamentos sociais. 

    Estabelecer a paz pela imposição da ordem e do silêncio sob a ameaça da força pode não caracterizar a essência da paz!

    Assim como assumir posturas de anulação de si e de quase submissão também não ajudará.

    Talvez o ponto principal para perseguirmos esta utopia seja como nos vemos e como vemos o outro em relações conosco.

    Acredito que conflitos de interesse e desejos conflitantes estarão sempre presentes em nossas sociedades, mas também acredito que estes aspectos caminharão por muito tempo juntamente com posturas prepotentes de imposição que desconsideram aqueles que vemos como mais fracos do que nós.

    Os ódios nascem quando não toleramos a força do outro que se impõe em nossas vidas. Nos julgamos merecedores de algo e não conseguimos aceitar a possibilidade de que alguém tenha poder e autoridade para questionar nosso desejo.

    Muitas vezes nos vemos prepotentes em relação ao outro, o que nos dá o direito de descartar as construções deste outro para fazermos as nossas próprias construções em substituição.

    Talvez queiramos manter o controle sobre todos os processos de vida e desejemos fazer prevalecer a nossa visão de mundo, mas esta visão talvez não atenda às necessidades de outras pessoas. Tornamos a realidade complicada para o outro a fim de atingirmos nossos objetivos.

    Permitir que o outro seja, na maior plenitude possível, talvez signifique correr riscos, permitir que o outro seja mais do que somos. Contra a superioridade do outro, talvez o único caminho viável para prevalecermos sejam as agressões e violações do direito deste outro.

    Quando perdoamos, podemos estar manifestando a nossa autoridade sobre o outro, que atravessou nosso desejo e nossa autoridade. Se auxiliamos, ao invés de termos nosso direito e nosso desejo atravessado pela caminhada do outro, reconhecemos a autoridade deste outro sobre sua própria vida e negociamos fronteiras relacionais para que ele seja em plenitude sem nos atravessar. Se auxiliamos, renunciamos à nossa autoridade sobre o outro.

    Se temos certeza dos melhores caminhos, quando somos confrontados pelo empreendedorismo alheio, precisaremos abandonar os empreendedores para não negarmos nossas certezas. Acompanhar a construção do outro é aceitar a possibilidade de que talvez não estejamos certos, o que nos obrigaria a mudanças e a reajustamentos...

    Por tudo isso, eu diria que teremos dificuldades em amar, construir, facilitar, abençoar e auxiliar exatamente porque formamos grande valor exclusivista sobre nós mesmos. 

    Acompanhar o outro em sua rota é considerá-lo como tão autônomo e capaz quanto nós mesmos. 

    Conseguimos nos ver como iguais em caminhadas distintas?