• A Harmonia do Desconhecido: Aceitando a Dualidade da Existência

    341/2024 - A Força da Incerteza
    341 - 2024 (06/12/2024)
    Mensagem

    Ainda que suas sombras interiores despertem o desânimo, persevere.
    Mesmo que seus sentimentos conspirem contra seu esforço pessoal, avance.
    Se as forças opositoras o envolverem no pessimismo, esforce-se um pouco mais.
    Quando os obstáculos  do caminho lhe parecem intransponíveis, pare um pouco, pense em Deus e prossiga.
    Guarde a certeza de que jamais se sentirá desamparado se resolver acreditar no seu potencial interior, pleno de luminosidade e pronto a orientá-lo na direção da paz e harmonia.
    +341-025
    muita paz

    Reflexão

    Ao ler a proposição de postura diante da vida, fiquei me perguntando: 

    Onde nasce o ânimo, a certeza e a motivação? Será no mesmo lugar interior onde nascem o desânimo, a dúvida e a desmotivação?

    Sentindo as perguntas e olhando para as figuras trazidas para o texto, fiquei pensando se não carregaríamos luz e sombra em nós, que destes podem nascer ânimo, desânimo, certeza, incerteza, motivação e desmotivação.

    As figuras de luz e de sombra me pareceram incompatíveis com o universo complexo e subjetivo que carregamos neste lugar abstrato chamado interior. O que é o dentro e o fora de uma pessoa quando percebemos um diálogo constante que interliga todas as dimensões da existência?

    O interior seria o inconsciente, aquela fração de nossa essência que desconhecemos? Ou poderíamos entendê-lo como a expressão de nossa vontade consciente? 

    O que separaria o interior do exterior? Seria a consciência ou a capacidade de controle? 

    Talvez a nossa incapacidade de impor ao universo o nosso desejo seja uma boa linha divisória para o interior e o exterior. Tudo o que está fora não está sob o nosso controle, enquanto tudo o que está dentro, embora em parte desconhecido, atende de alguma forma ao nosso desejo.

    Mas é provável que carreguemos uma grande incerteza no interior, o inconsciente, que nos fala de uma necessidade ainda não enunciada adequadamente, a necessidade de ampliarmos nossas fronteiras internas, a necessidade de conquistarmos o mundo. 

    Um grande desejo de expansão e conquista movido por um grande mistério interior que escapa de nossa consciência e de nossa possibilidade de controle imediato. Seria este o motivo de não nos sentirmos em paz? O motivo de nos percebermos em desarmonia com o universo?

    Neste diálogo, Deus estaria dentro ou fora? Na parte consciente ou na inconsciente? No que buscamos ou no que sustenta a nossa busca?

    Queremos controle, consciência e previsibilidade. Arquitetamos nossos planos e tentamos executá-los, mas a frustração está sempre presente, destronando parcialmente a expansão de nosso limite entre o que é interno e o que é externo. 

    Penso que cada frustração gera ondas de incerteza e de medo. 

    Seria possível que a desmotivação, a dúvida e o desânimo nasçam neste lugar de frustração, quando questionamos nossa autoridade e percebemos Deus fora de nós?

    Talvez a motivação, a certeza e o ânimo tornem-se potências importantes quando nossas ideações se concretizam e temos a certeza de que Deus está em nós.

    Penso que a certeza da incerteza, se bem aceita, carrega a tensão necessária e saudável entre o mundo interno e o externo, garantindo a percepção de nós mesmos, de nosso desejo e de nossos potenciais de realização. Talvez Deus esteja em tudo, mas principalmente no limite onde esta tensão se dá.

    Orientados pelo não saber e pelo desejo de torná-lo sabido, avançamos em todas as direções em buscas infindáveis que revelam a nós mesmos diante do mundo e do criador, que talvez tenha instituído o não saber como elemento de harmonia e paz para as criaturas.

    Mas seremos capazes de nos conciliarmos com o limite imposto a nossas existências? Talvez esta incapacidade nos traga desânimo, incerteza e desmotivação.