Da Crença Cega à Compreensão: Redefinindo a Fé Verdadeira
343/2024 - Essência da Fé343 - 2024 (08/12/2024)MensagemPai, dá-nos uma fé verdadeira, livre das seduções e da malícia do comodismo, livre das supertições que tiram a responsabilidade.
Que nossa fé seja coerente, transparente e dedicada, que ela nos reforce na luta diària e que sejamos mais irmãos, mais confiantes para nos tornarmos mais felizes.
Que assim seja.
+343-023
--ReflexãoRecordei de um conceito trazido pelo pensador Allan Kardec, que viveu na França em meados de 1800. Ele sugere que a fé é uma construção individual, algo que não pode ser prescrito, que precisa ser desenvolvido. Segundo ele, a fé é ferramenta libertadora à medida que deixa de ser cega para estar embasada no uso da razão, na compreensão das leis que fundamentam o funcionamento do universo.
Penso que, à medida que compreendemos o universo, nos capacitamos a agir sobre ele com mais propriedade e eficiência, sendo capazes de ações mais assertivas e garantidoras da felicidade. Pouco a pouco abandonamos a fé cega e adentramos o campo da fé raciocinada.
Entretanto, o desenvolvimento da fé tem nos levado à descoberta de um mundo imaterial, anterior e sobrevivente a tudo que existe. Neste contexto, a fé, ainda segundo Kardec, pode ser humana ou divina. À medida que se debruça sobre os fenômenos materiais ou sobre os espirituais, respectivamente, a descortina o próprio patrimônio singular do sujeito, regido por leis imutáveis que determinam o universo.
É neste universo que fiquei pensando sobre a fé verdadeira. Seria verdadeira por estar livre das incertezas, de instabilidades e de impermanências da matéria? Ou a fé verdadeira seria aquela que se estabelece na medida possível de nosso entendimento e da nossa capacidade de mobilizar esforços com intencionalidade e propósito para organizar a realidade material e espiritual à nossa volta?
Será que há algum problema em manifestarmos fé cega ou humana? Teríamos sido seduzidos? Ou estaríamos desenvolvendo nossa fé à medida que crescemos como sujeitos e escrevemos nossas histórias?
Vendo sob este prisma, não estaríamos todos mobilizados pela busca progressiva de comodidade? Desejosos por viver o maior tempo possível, talvez o comodismo seja uma resposta muito racional de economia de energia em um mundo instável, mutável e cheio de ameaças.
Se considerarmos aspectos biológicos e energéticos, características do mundo material em constante mutação, estabelecer estabilidade talvez signifique viver por mais tempo e fazer menos esforços. Será que há malícia nisso? Ou será apenas um momento necessário de nossa jornada, enquanto não nos desenvolvemos suficientemente para percebermos que não somos matéria e sim que usamos a matéria?
Escrevemos histórias e desenvolvemos teorias enquanto tentamos nos tornar mestres no uso da matéria. As leituras e interpretações neste contexto de desbravadores nos levarão a diversas construções válidas, embora parciais e temporárias. O que foi verdade em algum momento pode tornar-se crendice ou superstição em outro momento, mas terá servido como agente de mobilização de nossa capacidade humana diante do mundo e da vida. Viver nossas crenças com sinceridade talvez seja o maior ato de responsabilidade que possamos assumir diante da vida.
Penso que atos de coerência envolvem integração intencional entre ação e crença; uma percepção de identidade, de autenticidade e de liberdade que nos permite dedicação sincera e intensa em nossas jornadas diárias. Talvez aí resida a felicidade sincera e real, que se amplia à medida que crescemos e conhecemos mais sobre o mundo.
Assim, que possamos acolher sempre com generosidade a nossa própria fé, mesmo que seja diferente e até divergente em relação à fé de outras pessoas.
Mensagem Disparadora
Pai, dá-nos uma fé verdadeira, livre das seduções e da malícia do comodismo, livre das superstições que tiram a responsabilidade.
Que nossa fé seja coerente, transparente e dedicada, que ela nos reforce na luta diária e que sejamos mais irmãos, mais confiantes para nos tornarmos mais felizes.