Talvez os desafios só o sejam porque levantam dúvidas internas quanto ao nosso direito à felicidade e à nossa capacidade de discernimento.

Diante das dificuldades e esforços necessários para aliviar o desconforto e a dor que sentimos diante de nosso desejo não realizado, talvez surjam dúvidas porque ainda estamos aprendendo sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre as possibilidades da vida. Nestas horas, é muito comum usarmos referenciais externos, alguns conflitantes entre si, para resolver as dúvidas e apontar para um caminho adequado. Mas a adoção destes referenciais externos pode nos levar à desistência, uma vez que, por serem externos, talvez apontem para o desejo de outras pessoas, nos distanciando de nosso próprio desejo.

Assim, pensei que só persevera quem está motivado, mas que só está motivado aquele que carrega um compromisso sincero com seu próprio desejo, que se conhece e se ama o suficiente para se permitir acessar o próprio desejo e buscar materializá-lo, apesar da existência de desejos externos que nos contradigam.

Penso que, ser perseverante diante de tamanha tensão entre o nosso desejo e o desejo externo, tendo por plano de fundo nosso desconhecimento sobre nós mesmos, gera indecisões, dúvidas e medos paralisantes. Para perseverarmos neste campo, teremos que conhecer melhor o plano de fundo em que vivenciamos tais tensões. 

Eu diria que só persevera quem reconhece o próprio desejo e o direito de acessá-lo. Este reconhecimento gerará motivação suficiente para superarmos a inércia inicial em relação a nós mesmos, mantendo-nos motivados e ativos para a jornada de crescimento espiritual a que todos estamos submetidos.