• 119/2024 - Existência imanente e ação persistente
    119 - 2024 (28/04/2024)
    Mensagem

    Senhor, enche de esperança o meu coração e de doçura os meu lábios.

    Põe em meus olhos a luz que acaricia e purifica em minhas mãos o gesto que constrói e perdoa.

    Dá-me coragem para a luta, piedade para os insultos e misericórdia para as ingratidões e injustiças.

    Limpa minha alma de invejas e ambições mesquinhas, de ódio e de vingança o meu caminho.

    que assim seja
    +119-247
    muita paz

    Reflexão

    Fiquei pensando sobre desesperança e amargura... 

    Em que momento teremos nos habituado a ver o mundo sob esta ótica polarizada em que, de princípio, habitamos lugares ruins e desanimadores. 

    Seria consequência de um lugar psíquico de menos valia? Como este lugar apareceu em nosso mapa?

    Ou teria nascido como consequência da comparação entre o que vivemos e a parte que visualizamos das vivências do outro?

    Parece que nos sentimos naturalmente maus, incapazes de perceber de maneira positiva a luz que está em nossos olhos e os gestos que nascem em nossas mãos...

    Hoje penso que nossa cultura, as escolhas narrativas que fizemos, nos trouxeram a este lugar, o que dialogaria com a reflexão 118/2024...

    Idealizamos a felicidade e a plenitude como um espaço em que não cabemos, como uma criação em que precisamos fazer por onde merecer o acesso. Fizemos questão de nos deixarmos de fora de nossas idealizações estéticas de felicidade...

    Eu oraria pedindo para me sentir abençoado e plenamente integrado ao Amor Único, conhecedor de minhas habilidades e de meus potenciais. 

    Parece existir um sentimento generalizado de que somos criaturas destinadas à plenitude, mas não nos sentimos acolhidos pelo amor, pela justiça e pela misericórdia que nos conduzem com pleno respeito às nossas capacidades de escolha e de percepção.

    Acredito que hoje, como sempre, vivemos os contextos e ambientes que conseguimos acessar, enquanto intuímos a existência de algo além, inacessível, que exige esforço. Mas talvez não nos sintamos capazes de realizar este esforço, será que é por isso que estamos sempre pedindo algo do além, vindo do divino? Favores divinos que penetrem o universo onde estamos e nos resgatem do contexto que não conseguimos fugir?

    A chave resolutiva para toda a angústia que vivemos pode não ser a transcendência, mas a aceitação. Buscar viver bem, mesmo diante das adversidades, sem alterar a realidade, mas conformando-nos a ela e modificando nosso olhar.

    Talvez a falta de esperança, as amarguras, a escuridão em nossos olhos, os gestos de destruição, o medo da luta, a indignação diante das ofensas, a expectativa frustrada de paz; sejam sinais de que ainda não compreendemos bem que fazemos parte deste quadro experiencial, quadro escrito com nossas contribuições.

    Defendo a ideia de que ao redirecionarmos nossa atenção, mudaremos a nossa percepção de realidade e conseguiremos perceber que tudo está ligado aos valores que nutro no peito. É possível que já tenhamos em nossas mãos tudo o que precisamos para escrever uma história de felicidade.