Entendo que precisamos desejar para podermos nos manter, inovar, progredir e crescer como seres humanos. Há, entretanto, alguns limites para o atendimento deste desejo que precisam ser considerados: o bem-estar coletivo, o respeito à igualdade entre os seres, o respeito à diversidade e o respeito à natureza.

Por isso eu gosto de diferenciar ambição e ganância. Acho que o assunto retorna ao meu coração neste momento.

Se queremos ser felizes, se queremos acessar a felicidade como direito, não teríamos ambição morando em nosso coração? O desejo ou a necessidade de acessar algo que não temos?

O dicionário Oxford Languages nos convoca a pensar sobre o assunto...

Ambição (substantivo feminino)
1. Forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias; cobiça; cupidez.
2. Anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão.

Se nos guiarmos pelo primeiro significado, talvez estejamos motivados a sacrificar aspectos humanos e éticos para atender ao nosso desejo. Entretanto, pelo segundo significado, estaríamos mobilizados a conquistar determinados objetivos sem, necessariamente, sacrificarmos aspectos humanos e éticos.

Pessoalmente gosto de me pensar como uma pessoa ambiciosa não gananciosa.

É o dicionário Oxford que me ajuda a explicar esta afirmação:

Ganância (substantivo feminino)
1. ânsia por ganhos exorbitantes; avidez, cobiça, cupidez.
2. desejo exacerbado de ter ou de receber mais do que os outros.

Desrespeitar os limites relacionais conosco, com o outro e com o ambiente; a meu ver, caracteriza algum grau de ganância e pode trazer desafios sociais e ecológicos.

Se queremos ser pessoas melhores do ponto de vista relacional, talvez precisemos ponderar sobre o atendimento às nossas necessidades. Serão necessidades alicerçadas na ambição ou possuem traços de ganância?