quando desconhecemos os traços de nossa personalidade, condenamos fortemente e responsabilizamos os outros por aquilo que não podemos admitir em nós mesmos.
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muita paz
Talvez desconhecer traços de nossa personalidade seja um sintoma do desconhecimento de nós mesmos, de nossas potências internas, de nossos sonhos, de nossos medos e dos sistemas mentais que nos regem.
Penso ainda que pode ser um sintoma da dificuldade de reconhecermos nossas relações com o mundo.
Nós não somos criaturas apartadas da sociedade e nem da natureza. Agimos sobre eles e sofremos influências deles o tempo todo. Mas, se temos dificuldade em reconhecer este movimento dinâmico de diálogo através do qual infuenciamos e sofremos influências, talvez tendamos a negar nossa participação nos acontecimentos do mundo.
Se não temos responsabilidade na organização da sociedade e da natureza, alguém há de ter!
Se nos sentimos afetados pelo mundo sobre o qual não temos responsabilidade, o mundo segue como agente agressor em relação às nossas idealizações.
Talvez um exemplo seimples ajude na reflexão.
Uma pessoa que vive em um condomínio mas que mantém uma postura de descaso quanto às suas responsabilidades. Uma pessoa que não vai às reuniões, que não ajuda nas questões coletivas e que não se compromete com assuntos do prédio em que reside pode sentir-se no direito de cobrar do condomínio porque o síndico não está comprometido em cuidar das questões do prédio.
Esta pessoa repudia na postura do síndico a sua própria postura de descaso, mas tem dificuldade de reconhecer que, assim como o síndico, ela talvez não esteja comprometida com o coletivo em que está inserida.
Talvez a postura do síndico nem seja de descaso e existam outras razões para não atuar em determinadas frentes. Mas o significado dado pelo condômino não comprometido ao comportamento do síndico será o significado que ele traz em si, o da falta de compromisso para com as questões coletivas.
E assim seguimos transformando a nós mesmos em ritimos variados através de ações, sentimentos e pensamentos que imprimimos no mundo e das resposta dele às nossas intervenções.
Se estamos incomodados com algo no outro, talvez devamos nos perguntar porque este aspecto nos incomoda tanto a ponto de alterar nosso humor!
Talvez o outro tenha questões a resolver. Mas, por certo, nós também carregamos deveres de casa que são revelados a nós pela influência que a ação do outro causa sobre nós.
Uma pessoa de meu ciclo de conviência costuma dizer:
"Se caiu no seu jardim, é seu"
Se nossa emoção responde a determinado acontecimento, de alguma forma estamos comprometidos com aquele caminho e podemos transformar algo em nós.
Só há reverberação em nós se estivermos sintonizados com aquele assunto.
Quando não há reverberação talvez nem percebamos o fato!
Talvez desconhecer traços de nossa personalidade seja um sintoma do desconhecimento de nós mesmos, de nossas potências internas, de nossos sonhos, de nossos medos e dos sistemas mentais que nos regem.
Penso ainda que pode ser um sintoma da dificuldade de reconhecermos nossas relações com o mundo.