026/2023 - Superar ou prosperar?

Eu sempre me empolgo com a ideia de pensar sobre o processo como as coisas se dão.

Celebrar com satisfação a superação de uma inquietação ou contrariedade após a realização de esforços é belo e inspirador para nós mesmos. Revela a potência que temos e nos estimula a voos mais elevados e a aventuras maiores.

Mas que esforços precisamos realizar?

Talvez muitos de nós, por força de uma cultura repressora, nos esforcemos para suprimir as emoções que nascem diante de um acontecimento provocando inquietação e contrariedade.

Outros de nós, mais combativos e autocentrados, talvez nos esforcemos para anular as causas do desconforto. Podemos mergulhar em agressões, em anulações ou em cancelamentos. Sob esta ótica, o que nos desagrada deve ser eliminado de nossas vidas e se o outro nos perturba, ele não é digno de desfrutar de nossa amizade.

Talvez ainda existam aqueles que optem por estratégias de fuga e de contorno para evitar o confronto. Parece que, de um modo geral, nós tendemos evitar ao máximo as situações de confronto nos posicionando para que sejamos aceitos nos grupos sociais.

Vivemos ainda seguindo, de alguma forma, as vias instintivas de resposta que sugerem camuflagem, luta ou fuga como soluções para aquilo que nos ameaça.

Me sinto inquieto ou em contrariedade porque alguma necessidade importante não está sendo atendida. Sinto-me em risco e respondo.

Mas, como seres humanos, seres capazes do uso da razão e que são capazes de gerar respostas não instintivas e de aprender a partir das próprias experiências, de superar as emoções usando-as de maneiras criativas e inovadoras, talvez nós possamos pensar em esforços de superação diferentes dos expostos.

Penso que existe um impulso interno natural para todo ser humano de buscar a melhoria de seu cenário de vida. Para isto estamos sempre realizando simulações mentais, ampliando contextos e melhorando a compreensão sobre o mundo. 

Somos cada vez mais hábeis em entender os contextos de causas e efeitos em nossas vidas para estabelecermos planos de ação que gerem prosperidade e não apenas superação.

Por tudo isto, ao sermos impactados por uma inquietação ou por uma contrariedade, talvez já sejamos capazes de compreender que há muito mais coisas além da vivência e da superação que muitas vezes nos levava à fuga ou ao confronto.

Estamos conscientes de que podemos aprender com o contexto e que é possível gerar soluções que evitem que tais contextos se repitam ou se repliquem em nossas vidas.

Aprendemos por analogias, generalizamos entendimentos e criamos soluções inteligentes e abrangentes que podem ser aplicadas em vários contextos semelhantes. 

Desta forma, ao pensar em superação de inquietações e contrariedades, eu procuro pensar em processos de ampliação da compreensão, de geração de soluções generalizadas e em aumento de minha segurança diante das adversidades atuais e futuras.

Superar um problema pode, portanto, significar também progresso, crescimento e amadurecimento em diversos aspectos da vida.

Talvez a humanidade não precise se resumir apenas em ser mais forte. 

Talvez possamos pensar em ser mais previdentes, mais eficientes e mais eficazes neste processo chamado vida.

Talvez determinadas inquietações e contrariedades nem possam ser superadas depois que se abatem sobre nós. Mas, por certo, podem ser os pontos disparadores para geração de conhecimentos, de tecnologias e de comportamentos que gerem ondas disruptivas na sociedade provocando progressos inenarráveis e imprevisíveis.

Eu sempre me empolgo com a ideia de pensar sobre o processo como as coisas se dão.

Celebrar com satisfação a superação de uma inquietação ou contrariedade após a realização de esforços é belo e inspirador para nós mesmos. Revela a potência que temos e nos estimula a voos mais elevados e a aventuras maiores.

Mas que esforços precisamos realizar?

Talvez muitos de nós, por força de uma cultura repressora, nos esforcemos para suprimir as emoções que nascem diante de um acontecimento provocando inquietação e contrariedade.