Coisa desagradável é não praticarmos o que aconselhamos aos outros.
+128-237
muita paz
Fiquei pensando nesta falta de coerência entre nosso conselho e a nossa atitude em relação a nós mesmos.
Ela seria desagradável para quem? Para quem recebe o conselho? Para quem observa? Para nós mesmos?
Como gosto muito de trazer as questões para o movimento de autoconhecimento, vou pensar em relação a nós mesmos, embora belas reflexões possam ser feitas sob as outras duas óticas...
Não tenho certeza se nos sentimos sempre desconfortáveis com a falta de coerência apontada na citação. Talvez até nos seja agradável esta construção!
A possibilidade de darmos conselhos, de alguma forma, alimenta nossos egos e nos coloca em posição de certo destaque. Somos influenciadores e talvez conquistemos muitos admiradores e seguidores com nossas falas!
Mas eu também não quero pensar sobre os aspectos relacionais possíveis.
Talvez nem consigamos reconhecer conscientemente em nós as questões identificadas no outro!
Me pergunto se esta falta de coerência não seria natural em nosso processo de crescimento, no nosso movimento de tomada de consciência sobre a vida e sobre nós mesmos que nos leva a níveis cada vez maiores de amadurecimento.
De modo geral, as ciências psicológicas nos sugerem que nos vemos através do outro, embora nem sempre estejamos conscientes deste fato. Quando identificamos o outro, nós estaríamos, na realidade, nos identificando através do outro.
É como se estivéssemos vendo nosso reflexo no outro.
Outra forma de pensar a questão é que só podemos reconhecer em profundidade aquilo que conhecemos. Desta forma, reconheceríamos no outro apenas os traços que carregamos em nós. O outro sempre é muito mais do que aquilo que conseguimos ver; mas nós o reduzimos a quem somos...
Garantidamente, avaliar a vida do outro, falar do cisco no olho do outro, sugerir soluções e recomendar atitudes para o outro; pode ter um papel importante neste movimento de nos prepararmos para trabalharmos em nós aquilo que não vemos ou que não temos coragem de admitir.
Talvez possamos pensar como um ensaio de possíveis soluções para questões nossas.
No momento em que este exercício incoerente de aconselhamento se tornar desagradável para nós, talvez estejamos começando a reconhecer e a admitir que, de alguma forma, nós carregamos questões semelhantes às vistas no outro.
Este desconforto talvez seja o primeiro sintoma de um novo grau de consciência e uma grande oportunidade para começarmos o trabalho de transformação de nós mesmos.
Desta forma, como tivemos a oportunidade de exercitar a razão sobre o problema com certa isenção emocional, já que a questão não era nossa, talvez tenhamos condições mais efetivas de exercer a coerência por ações pequenas, constantes e efetivas.
Neste contexto, penso que, se conseguimos criar alguma empatia, solidariedade e fraternidade pelo outro em suas dificuldades, talvez sejamos capazes de projetar menos culpa e mais responsabilidade amorosa sobre nós mesmos. Assim não ficaríamos presos em culpas e remorsos cristalizadores. Buscaríamos soluções olhando para o futuro ao invés de congelar lamentando o passado.
Fiquei pensando nesta falta de coerência entre nosso conselho e a nossa atitude em relação a nós mesmos.
Ela seria desagradável para quem? Para quem recebe o conselho? Para quem observa? Para nós mesmos?
Como gosto muito de trazer as questões para o movimento de autoconhecimento, vou pensar em relação a nós mesmos, embora belas reflexões possam ser feitas sob as outras duas óticas...
Não tenho certeza se nos sentimos sempre desconfortáveis com a falta de coerência apontada na citação. Talvez até nos seja agradável esta construção!