*muitas vezes será necessário parar para refletir, recuar para renovar forças e avançar sempre.*
*+299-066*
*muita paz*
Penso que nossa imaturidade como criaturas capazes de pensar continuamente nos põe no tempo presente desconectado do passado e do futuro; ou melhor, nos leva a interpretar o passado como história sem importância e o futuro como algo a que não precisamos dar atenção.
Talvez tenhamos dificuldades para viver o presente com intencionalidade e propósito.
Desatentos quanto às nossas habilidades de associação e de simulação de possibilidades, negando a possibilidade concreta de acúmulo de resultados no tempo, parece que encaramos cada momento presente como nova aventura a ser vivida, sem planejamento ou adaptações de planejamentos, que nos leva a sucessos ou fracassos instantâneos.
Exercitamos pouco nossos potenciais para observar, avaliar, fazer associações, planejar e escolher de forma cíclica no tempo.
Inventamos o tempo e nos aprisionamos a ele ao invés de usá-lo a nosso favor...
Vivemos uma realidade em que a negação do passado e a incerteza do futuro agem como fatores estressantes, gerando culpa e ansiedade. Reagimos como se todo instante fosse um momento decisivo em nossas existências e não houvesse tempo a perder.
É neste contexto que recordei do psiquiatra Augusto Cury no livro O vendedor de sonhos.
Nos primeiros capítulos ele nos fala da importância de uma vírgula, principalmente nos momentos em que parece que não há mais caminhos possíveis.
Então, com que frequência usamos vírgulas?
Será que percebemos a importância de tomar fôlego e permitir que o oxigênio circule pelo corpo durante os esforços que precisamos realizar?
Talvez estejamos encarando a vida como a corrida dos cem metros rasos, como uma experiência que precisa entregar resultados em dez segundos e tenhamos esquecido que toda a preparação necessária para a concretização da corrida faz parte da própria corrida.
Atletas treinam por anos! Dedicam-se diariamente via simulações entremeadas de treinos, exames, avaliações e dietas, para citarmos os movimentos mais facilmente identificados.
Talvez a vida se pareça mais com uma maratona. Longa e repleta de terrenos diversos. A maratona exige estratégia, ritmos variados, profundos conhecimentos dos limites do corpo e muita tenacidade.
Em uma corrida nós nos sentimos tentados a empregar todo o potencial em uma longa reta, mas talvez não possamos fazê-lo porque, logo após esta reta, exista um trecho de subida desafiador que requer capacidades pulmonar e cardíaca incompatíveis com alguém que acabou de usar todo o potencial em uma corrida em linha reta.
Por tudo isso, penso que a reflexão proposta é de grande importância para o êxito de nossos intentos, mas também para o estabelecimento da felicidade em nossas vidas.
Ao invés de desistir, estabeleçamos vírgulas. Momentos de recuo para recuperar forças, integrar conhecimentos, ampliar entendimentos e reavaliar projetos.
Talvez concluamos pela ausência de possibilidade de êxito momentâneo. Mas só fracassamos quando desistimos.
Que nossos pontos finais demarquem novos parágrafos e que possamos usar mais vírgulas em cada parágrafo. Assim escreveremos longas histórias de vida repletas de descobertas, de aprendizados e de superações.
Penso que nossa imaturidade como criaturas capazes de pensar continuamente nos põe no tempo presente desconectado do passado e do futuro; ou melhor, nos leva a interpretar o passado como história sem importância e o futuro como algo a que não precisamos dar atenção.
Talvez tenhamos dificuldades para viver o presente com intencionalidade e propósito.