É um dever moral e emocional assumir a sua identidade, conhecer-se e deixar-se conhecer.
+005-361
muita paz
Eu confesso certa dificuldade em pensar sobre compromissos impostos, e a ideia de dever de qualquer natureza me leva a este lugar de desconforto diante do impositivo. Eu não tenho certeza se este é um caminho interessante na nossa atualidade para lidarmos com os assuntos.
Me questiono inclusive sobre a origem da imposição. Serei eu mesmo impondo algo que emocionalmente é desconfortável? Ou a imposição sob a forma de dever vem de um agende externo?
Será que a cultura em que estou inserido me impõe este dever?
Recentemente passei por uma postagem em redes sociais que falava do bonsai, aquelas árvores em miniaturas cultivadas em pequenos vasos rasos. Verdadeiras obras de arte.
A legenda falava que somos constrangidos pela nossa ancestralidade, da mesma forma que as raízes do bonsai são constrangidas pelo vaso. Falava-se ainda sobre a ação da poda frequente e dirigida que constrange a altura da árvore, de forma análoga com os processos que a cultura nos impõe.
Desta forma, me vejo obrigado a refletir sobre a ideia do dever imposto e de sua origem?
Mas, sem dúvida alguma, adoecemos quando não conseguimos estabelecer relacionamentos em sociedade, assim como também sofremos quando vivemos sem um sentido existencial. Ambos aspectos são amplamente estudados e há experimentos em vários campos da ciência que sugerem a validade de tais afirmações.
Desta forma, embora não veja o autoconhecimento e os relacionamentos como um dever moral ou emocional, percebo-os como necessidades existenciais que caracterizam o ser humano.
Assim como o bonsai, que mesmo restringido pelo vaso e pelas podas, continua realizando seu esforço de crescimento, floramento e frutificação, penso que nós, seres humanos, mesmo que estejamos restringidos pela ignorância sobre nós mesmos e pela escassez de relacionamentos, seguiremos vivendo tentando estabelecer propósitos e relações em sociedade.
Conhecer-se, buscar conhecer o outro e deixar-se conhecer pelo outro a fim de estabelecer relações seguras, solidárias e afetivas talvez seja um dos grandes mantras da sociedade moderna.
Acredito que tenhamos esgotado as possibilidades individualistas de fruição do mundo e agora estamos realizando um movimento de integração das possibilidades que a vida nos oferece para vivermos melhor as relações.
Se nos sentimos entristecidos, vazios e em sofrimento moral, talvez precisemos revisitar este espaço interno para buscarmos saber quem somos, o que queremos e com quem podemos contar.
Eu confesso certa dificuldade em pensar sobre compromissos impostos, e a ideia de dever de qualquer natureza me leva a este lugar de desconforto diante do impositivo. Eu não tenho certeza se este é um caminho interessante na nossa atualidade para lidarmos com os assuntos.
Me questiono inclusive sobre a origem da imposição. Serei eu mesmo impondo algo que emocionalmente é desconfortável? Ou a imposição sob a forma de dever vem de um agende externo?
Será que a cultura em que estou inserido me impõe este dever?
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