Reconhece o que é bom na outra pessoa e, assim fazendo, ela se sentirá estimada
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muita paz
Reciprocidade talvez seja uma das palavras-chave mais importantes nas relações.
Parece que tendemos a ser naturalmente voltados à reciprocidade. Tratamos as pessoas conforme elas nos tratam. É claro que existem muitas variáveis nesta equação relacional e que, não necessariamente, seremos tratados da forma como tratamos os outros. Mesmo assim, acredito que é importante considerarmos a reciprocidade como uma variável importante na equação relacional.
Desta forma, considerando estrategicamente as relações e a reciprocidade, seria inteligente promovermos a autoestima e o bem-estar daqueles que estão em relação conosco. Desta forma há uma chance considerável de sermos tratados de maneira semelhante, o que facilitaria a nossa jornada.
Penso, entretanto, que há outros caminhos para pensarmos esta questão relacional. Acredito que seja evidente que não conseguimos caminhar sozinhos em sociedade e que, portanto, nosso grau de dependência em relação a outros integrantes da sociedade é elevado. Quanto mais capaz o outro se sente, mais capaz será de realizar sua parte nos acordos sociais estabelecidos, a vida fica mais fácil de ser vivida. Esta é outra forma de pensarmos estrategicamente as relações.
Para além das estratégias relacionais, acredito que podemos pensar no tratamento generoso do outro pelo simples fato de o considerarmos em sua singularidade como um sujeito digno de nossa estima e generosidade. Mas esta motivação requer um caminho interno intenso de redução de nosso egocentrismo para sermos capazes de reconhecer a grandiosidade do outro que pode, em alguns casos, ofuscar nossas capacidades e habilidades.
Talvez sejamos capazes de pensar sobre a importância da estima do outro por diversos caminhos distintos, diferentes dos três que foram abordados nesta reflexão. Mas o que percebo enquanto medito sobre o assunto é que precisamos pensar sobre como significamos nossa existência em relação às outras na sociedade.
Seremos realmente capazes de estimar o outro pelo que ele é e pelo que representa na sociedade? Ou o faremos como ação estratégica para assumir determinadas posições na sociedade e, a partir delas, aferirmos algumas vantagens?
Há sinceridade na estima devotada ao outro?
Será que conseguimos ver o companheiro de trabalho, o familiar, o compatriota, o vizinho ou o passante desconhecido como sujeitos de direito e merecedores de estima?
Acredito que este seja o ponto crucial desta reflexão. Reconhecemos o que há de bom na outra pessoa mesmo quando a ação dela nos provoca de forma negativa?
Será que conseguimos ver o outro em toda a sua complexidade? Um bandido continua sendo compatriota, vizinho, passante desconhecido e até mesmo familiar...
Em cada papel desempenhado na sociedade temos comportamentos específicos que refletem nossa história e as influências do meio em que nos encontramos, elementos elaborados de forma individual e singular, levando cada um a ser quem é, um sujeito singular.
Abrir espaço em nós para reconhecermos no outro um ser singular com características variadas, algumas divergentes em relação aos nossos valores, é o verdadeiro desafio de constituição da humanidade conforme planejamos atualmente.
Será que existe um caminho para realizar a tarefa desafiadora de estimar a outra pessoa com quem nos relacionamos?
Penso que tolerância, paciência e aceitação constituem um caminho interessante!
Atitudes que nascem do respeito pelo outro nos diversos níveis de consciência que somos capazes de atingir. Movimento que exige que desaceleremos a ideia egocêntrica que estabelecemos para nós como pilar existencial.
Aceitar que o outro é quem é e que não é menor e nem maior do que nós somos, na minha opinião, o caminho de construção da paz que tanto desejamos.
Uma medida de sucesso para nossas capacidades de respeito e empatia?
Talvez possamos avaliar nosso sucesso através das atitudes e expressões do outro, que revelam o quão estimado ele se sente.
É claro que esta não é uma avaliação simples e requer certa sensibilidade de nossa parte. Algumas perguntas poderão nos ajudar:
Será que o outro se sente confortável em ser quem é em nossa presença?
Será que ele se expressa no meio social que partilhamos com ele?
Como ele encara os erros dele e os nossos?
Há celebração das conquistas?
Há diálogos ou apenas monólogos ditados pela nossa fala?
O clima de convivência é agradável?
Com que frequência vemos os sorrisos deste outro em relação conosco?
Penso que estas perguntas, entre muitas possíveis, poderão nos ajudar a avaliar o grau de estima que o outro estabelece em relação às nossas posições relacionais com ele.
Talvez estas mesmas perguntas sirvam para avaliarmos o grau de respeito com que somos acolhidos em nossos grupamentos sociais. Acredito que muitas vezes nos sentimos tristes, cabisbaixos e incapazes sem percebermos que o problema não está em nós e sim nas pessoas com quem nos relacionamos.
Refletir nossas vidas a partir da estima que registramos em nós nas relações pode ser uma escolha perigosa se buscamos a construção de nossa autonomia e liberdade. Mas é um caminho importante diante da forma que nos significamos atualmente. Entretanto, esta seria outra reflexão que talvez não caiba no momento.
Que possamos buscar atitudes sinceras de reconhecimento e de estima do outro em sua essência.
Reciprocidade talvez seja uma das palavras-chave mais importantes nas relações.
Parece que tendemos a ser naturalmente voltados à reciprocidade. Tratamos as pessoas conforme elas nos tratam. É claro que existem muitas variáveis nesta equação relacional e que, não necessariamente, seremos tratados da forma como tratamos os outros. Mesmo assim, acredito que é importante considerarmos a reciprocidade como uma variável importante na equação relacional.