Coragem é você ser você mesmo todos os dias em um mundo conturbado que lhe diz para ser outra pessoa.
+095-271
muita paz
Lembrei de um texto antigo daqui, mas não consegui localizá-lo.
Talvez eu seja um idealista, mas acho que não deveria ser necessário sermos corajosos para sermos nós mesmos.
Penso que a grande questão deste mundo conturbado é o grau de violência que impomos nas relações. A falta de aceitação, a incapacidade de convivermos com a diversidade natural da sociedade.
Carregamos uma visão normativa e impomos padrões, comportamentos e normas em contextos onde talvez não fosse necessário, mas também em contextos em que decisões coletivas são substituídas pela percepção quase ditatorial de poucas pessoas que acessaram cargos de poder e força.
Pensar na coragem de sermos nós mesmos, na minha concepção, é também pensarmos sobre a violência que nós mesmos impomos ao outro diante dos atos cotidianos da vida.
Ampliando ainda mais a reflexão sobre as violências reguladoras impostas, perceberemos que práticas discriminatórias, preconceituosas, até mesmo criminosas, possuem seu nascedouro na normalização, na perpetuação e na popularização destas regulações e normatizações sociais.
Por questões de sobrevivência, talvez seja sábio não sermos corajosos, mas é importante considerarmos a urgência de revisão de nossos atos e omissões diante das imposições sobre o outro, sejam filhos, alunos, doentes, idosos, mulheres, homoafetivos, crianças, negros, estrangeiros, torcedores de outros times, etc.
Por outro lado, na condição de oprimidos, se faz necessário que busquemos confrontar de maneira democrática e reflexiva os atos, hábitos e costumes discriminatórios e impositivos que foram normalizados em nossas sociedades e que atribuem a determinados representações sociais a autoridade de ditar maneiras de ser, de agir e de pensar.
Acredito que seja mais urgente elaborarmos sobre as normatizações culturais do que sermos corajosos. Talvez alguns oprimidos nem consigam perceber que são alvo de violências estruturais e conjunturais graves que lhes nega a possibilidade de se significarem de maneiras diferentes das vistas atualmente.
Antes de sermos corajosos, talvez tenhamos que ser mais conscientes sobre a diversidade que nos abriga. Desta forma construiremos a ideia de identidade e, só então, poderemos buscar a coragem de ser e as mudanças sociais necessárias para que ser diferente não seja mais um ato de coragem.
Até porque, o corajoso construiu sua coragem por meio de uma visão clara de si e de seus valores em contraposição ao que o mundo impõe. É necessário despertar para a própria singularidade para identificar a violência com que se é tratado e então decidir pela coragem ou covardia.
Estaremos abertos a ver e ouvir o outro em sua essência? Ou preferimos procurar no outro os ecos de quem somos?
Lembrei de um texto antigo daqui, mas não consegui localizá-lo.
Talvez eu seja um idealista, mas acho que não deveria ser necessário sermos corajosos para sermos nós mesmos.
Penso que a grande questão deste mundo conturbado é o grau de violência que impomos nas relações. A falta de aceitação, a incapacidade de convivermos com a diversidade natural da sociedade.