Vocês podem ser o amor da vida um do outro, e nem por isso ficarem juntos.
Algumas histórias nascem para ensinar algo, não para dar certo.
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muita paz
Sucessos e insucessos são dois lados de uma mesma moeda, o esforço aplicado, que transforma nossa realidade, nossa vida. Tentamos acessar algo, nos esforçamos e transformamos a nós mesmos e à nossa realidade com estas tentativas. Nunca terminamos uma história da mesma forma que a começamos...
Penso que sempre aprendemos com as situações vividas, mesmo com aquelas que frustram nossas expectativas, mas principalmente com aquelas que nos levem para nossos sonhos e projetos de vida.
Diante disso, o que será que vem ao seu coração quanto à ideia de ser o amor da vida de outra pessoa? E a ideia de outra pessoa ser o amor da sua vida?
Costuma-se pensar que ser o amor da vida de uma pessoa e ter reciprocidade nos leva a relações românticas, casamento e filhos. Mas talvez exista uma visão menos normativa e mais ampla para pensar sobre isso...
Talvez o amor intenso e recíproco não seja sinônimo de final de contos de fadas do tipo "E viveram felizes para sempre"!
"Dar certo" e "aprender algo" estão colocados em extremos mutuamente exclusivos neste pensamento, mas talvez não precisem ser vistos assim.
Será que o aprendizado de alguma coisa é o prêmio de consolação quando o amor aplicado e idealizado é frustrado e não resulta na comunhão de vidas?
Sempre trago ao Acordei Inspirado a ideia de que é muito difícil determinar o que é amor. Pessoalmente acho que isto é impossível, uma vez que trata de algo abstrato que só ganha sentido quando colocado nas relações, pelo ato de amar.
Me parece que o amor é uma matéria relacional que pode nos unir de maneira especial e única, possibilitando que nos importemos com o outro e que nos deixemos cuidar pelo outro que se importa conosco, embora nem sempre haja reciprocidade do ato de amar.
Este amor, colocado em movimento, assume formas distintas, que variam com os papéis desempenhados pelos envolvidos no mundo, com a cultura e com as visões individuais de mundo. O amor paternal tem diversas expressões, todas muito distintas das expressões de amor maternal, embora todas sejam expressões de amor colocadas em uma relação de cuidado nos primeiros anos da existência dos filhos. Estas expressões, inconstantes, sofrem mutações à medida que os filhos crescem e os pais envelhecem, mas jamais deixarão de ser amor paternal e maternal.
Sendo uma matéria relacional que nos leva ao outro, o amor pode ser tão intenso e mal interpretado que sua aplicação sufoque, traumatize e constranja, principalmente se vivido de forma mútua e potente, excluindo a possibilidade de estabelecimento de outras relações. Mas ele também pode ser nutridor e libertador, se vivido considerando a necessidade da existência livre do outro.
O amor que sinto pelo outro constrange este outro para que ele preencha um vazio em mim? Ou este amor é vivido no sentido de viver e ver este outro crescendo e construindo sua felicidade?
Como o amor que o outro sente por mim se apresenta em minha vida? Como cobranças de minha presença ou como dádivas que me nutrem e me estimulam a crescer sempre?
Acredito que todas as histórias nascem para ensinar algo e que este aprendizado pode se dar por grandes vivências de amor, mas não me atrevo a determinar como este amor deve nutrir as relações. Talvez o maior aprendizado neste campo seja a descoberta do nosso caminho singular de amarmos e sermos amados pelo outro.
Talvez a expressão mais ampla de amor maternal e paternal resulte na liberdade do filho para seguir em frente com sua própria vida, realizando seus próprios erros e tentando seus próprios acertos a partir dos recursos entregues pelos pais nos primeiros anos de vida.
É possível que o amor filial, que nasce na convivência com os pais durante a aplicação dos amores maternal e paternal, realize uma devolutiva amorosa aos próprios pais, mas também aos descendentes, quando se transformaria em amor paternal ou maternal inspirado nas experiências vividas onde o sujeito foi cuidado como filho.
O amor que recebemos de diversas formas pode transformar-se em amor aplicado à profissão, à pátria, ao time de futebol, aos amigos, aos parceiros românticos, etc.
Todas as histórias nascem e nos ensinam algo, mesmo quando não estamos abertos a vivê-las plenamente. Algumas nos levarão a vivências de reciprocidade no amor, outras levarão a vivências de entrega e dedicação a outras relações. Mas também há histórias que nos conduzirão por caminhos solitários, quando a aplicação do amor se dá em campos internos e dedicados à relação consigo.
Distantes da normatização e da hierarquização das expressões amorosas realizada pela cultura, abraçando a aceitação plena de nossa existência, nos autorizamos a viver com autenticidade o amor que temos em nós, e talvez isto baste para sermos felizes e autênticos, mesmo que distantes da interpenetração promovidas pela relação com o outro.
Este não seria também um aprendizado importante? Sermos felizes apesar de todas as frustrações que nossas projeções ancestrais, familiares, culturais e biológicas promovem?
Sucessos e insucessos são dois lados de uma mesma moeda, o esforço aplicado, que transforma nossa realidade, nossa vida. Tentamos acessar algo, nos esforçamos e transformamos a nós mesmos e à nossa realidade com estas tentativas. Nunca terminamos uma história da mesma forma que a começamos...
Penso que sempre aprendemos com as situações vividas, mesmo com aquelas que frustram nossas expectativas, mas principalmente com aquelas que nos levem para nossos sonhos e projetos de vida.