*Todos os homens e mulheres que edificaram os ideiais da felicidade humana fundamentaram os seus pensamentos no amor pleno e incondicional*.
*+355-010*
*muita paz*
Tive o impulso inicial de rejeitar o pensamento proposto sob a argumentação de que nem tudo é edificado sobre a busca de felicidade através do amor.
Facilmente lembrei de situações da história humana em que a implantação do amor de forma plena e incondicional não foram as bases para alguns seres humanos em busca de felicidade.
Então iniciei meu exercício mental de busca por conciliação, de fuga das generalizações e de aceitação da complexidade humana capaz de projetar múltiplos matizes sobre a vida.
Talvez o desafio não tivesse se implantado no meu coração se o pensamento proposto não buscasse abranger todas as buscas por felicidade a um único fundamento! Mas, como este foi o caminho, como conciliar meu sentimento à proposição?
Como aprendi que o tempo traz repertório e calma, acolhi a ideia de que sempre é possível estabelecer conciliação, embora precisemos ser flexíveis para dialogar e inclusivos para compartilhar a autoridade que determina as narrativas e os olhares sobre o mundo.
Então me dei conta de que o fundamento proposto nesta generalização de busca da felicidade pode trazer às nossas mentes e corações algumas idealizações e conceitos assumidos como pressupostos para classificar, julgar e até mesmo condenar a ação humana divergente da nossa.
Como um riacho límpido, uma pergunta brotou no campo introspectivo:
Amor a quê ou a quem?
Devidamente hidratado, meu coração permitiu-se viver uma enxurrada de perguntas...
Incondicional sobre que aspecto? Sobre a forma de expressão, que imporia violentamente uma forma de amar sobre os outros? Ou seria incondicionalidade da expressão de cuidado em si, que abriria a possibilidade de adaptar a expressão amorosa conforme a relação a que se dirige?
De que plenitude falamos? Da fruição máxima do gozo? Da relação intensa entre as pessoas? Da flexibilidade para viver coletivamente? Do sentir-se superior? Do sentir-se integrado a si? Do sentir-se integrado à sociedade? Do sentir-se integrado a uma causa?
Me dei conta que não há um ser humano que não queira ser feliz, embora todos nós projetemos condições diferentes que precisam ser atingidas para usufruirmos da felicidade.
Entendi também que projetamos condições para a felicidade pelo enorme amor que nutrimos em nós, por nós mesmos, pelo outro ou por uma causa.
Por amor, mas também pela necessidade de suprir o que nos falta, mobilizamos esforços para materializar soluções e viabilizar as condições iniciais.
O pleno amor, que é intenso, embora dirigido e dedicado, surge como base fundamental para o móvel humano.
O amor incondicional, como ferramenta precisa e infalível, adapta-se ao meio para estabelecer as condições de felicidade.
Assim, vemos pais que se sacrificam por amarem plenamente seus filhos. Realizam esforços gigantescos, mesmo que isto signifique o sacrifício do próprio bem-estar. A condição de felicidade deles é a prosperidade e o bem-estar dos filhos.
Soldados persistentes lutam incansavelmente para debelar os inimigos em uma guerra, mesmo sob o risco de vida. A condição de felicidade destes soldados é a manutenção e a sustentação de causas como a liberdade da nação ou a autonomia de um ideal, entre muitas possibilidades.
Narcisistas confrontam a todos, e em todo tempo, para garantir a atenção e o foco permanente do coletivo sobre si. A condição de felicidade para estes é a garantia de serem vistos e observados.
E assim, ficou fácil perceber que todos nós edificamos nossos ideais de felicidade no amor plenamente aplicado de forma incondicional a nossos propósitos.
Importa saber, entretanto, se tais ideais de felicidade delineiam cenários duradores, intensos e sustentáveis para a fruição de bem-estar, ou se estabelecem castelos de areia que demandarão esforços homéricos para a manutenção de contextos frágeis e insustentáveis.
No final das contas, talvez devamos nos perguntar se os ideais de felicidade que estabelecemos, representam o mero atendimento de desejos, que nunca serão plenamente supridos, ou construções humanas éticas e longevas, capazes de mobilizar humanidades em torno de um mesmo propósito, gerando harmonia, paz e bem-estar coletivos.
Penso que, enquanto focarmos nossa felicidade no que é puramente individual, transitório e de curta duração, sofreremos a falta de estabilidade na vida e teremos que realizar muitos esforços adicionais para impor as condições de felicidade.
Em contrapartida, ao coletivizarmos o conceito de felicidade e os esforços para atingi-la, talvez consigamos gerar sustentabilidade, calma e paz duradores, o que poderia reduzir esforços, gerando abundância e prosperidade.
Daí, volto ao questionamento inicial, reconhecendo que ainda há muito a ser feito intramuros, ou seja, no campo da individualidade:
Amor a quê ou a quem?
Tive o impulso inicial de rejeitar o pensamento proposto sob a argumentação de que nem tudo é edificado sobre a busca de felicidade através do amor.
Facilmente lembrei de situações da história humana em que a implantação do amor de forma plena e incondicional não foram as bases para alguns seres humanos em busca de felicidade.
Então iniciei meu exercício mental de busca por conciliação, de fuga das generalizações e de aceitação da complexidade humana capaz de projetar múltiplos matizes sobre a vida.