361/2021

Para mim a ideia de felicidade é uma daquelas difíceis e complexas para serem definidas. 

Muitas vezes pensei em felicidade como algo a ser conquistado, como algo que até pudesse ser comprado ou trocado.

Mas à nossa volta nós vemos pessoas em condições semelhantes de vida com estados diferentes de felicidade, vemos pessoas felizes diante de grandes dores e também vemos pessoas profundamente infelizes diante de vidas materiais relativamente bem supridas. 

Seriam mistérios para o entendimento de felicidade como algo a ser possuído?

Com o passar do tempo fui me dando conta de que a felicidade talvez trate de um estado de espírito e que, embora possa trazer componentes materiais em sua composição, trata-se essencialmente da maneira como significamos nossas existências.

Assim como a ideia de paz, me parece que a ideia de felicidade carrega em si muitos tons de subjetividade humana e está ligada ao grau de maturidade do sujeito em relação à vida.

Como nós olhamos para o que está à nossa volta? 

Será que nos sentimos conciliados com a vida? 

Achamos que nossa vida é de escassez ou de abundância?

Construímos muitas expectativas?

Esperamos muito do mundo e daqueles que estão à nossa volta?

Esperamos muito de nós mesmos?

Somos capazes de perceber os limites de nossas possibilidades de controle ou seguimos lutando contra todas as limitações que nos impedem de fazermos tudo aquilo que queremos?

É claro que estes questionamentos não esgotam o assunto, até porque não me julgo uma pessoa plenamente feliz e portanto não tenho condições de falar com absoluta propriedade sobre o que é felicidade.

Mas ao observar a vida à volta vivendo momentos de felicidade, em contato com pessoas felizes e me conectando comigo mesmo comecei a perceber que estas perguntas podem nos ajudar a construir este sentimento.

Na vida não temos controle de tudo, não somos capazes de determinar como o outro reagirá a nós e sempre teremos a impressão de que as coisas podem ser um pouco melhores do que já são.

Mas uma medida muito importante para pensarmos em felicidade talvez seja estabelecermos estas ideias em nossas mentes e corações de maneira a permitir que elas guiem nossos passos, sentimentos e pensamentos.

É claro que desejaremos controlar o ambiente à nossa volta. É claro que queremos ser amados e estimados sempre. É claro que não queremos passar por dores, dificuldades e desafios.

Mas talvez o estado de felicidade resida exatamente na aceitação do fato de que é necessário atravessarmos intempéries e que podemos ser felizes a pesar delas desde que não nos agastemos pelo que não temos e celebremos o que conquistamos.

Penso que a felicidade é composta pela celebração de momentos plenos que vivemos, que nos permitem experimentar o que julgamos importante para nós. 

Talvez possamos viver a felicidade com maior plenitude se percebermos que os momentos vividos de plenitude são passageiros e que talvez não se repitam mas que valeram a pena serem vividos.

Cultivar gratidão pela experiência ao invés de lamento pelo seu encerramento. 

Olharmos para o que foi possível, a pesar das expectativas frustradas e dos erros cometidos.

Sentir o tempo presente, partilhar as impressões com quem está à nossa volta. Celebrar com nossos pares as conquistas e felicidades deles. Contribuir positivamente para a ocorrência de momentos felizes. 

Atualmente tenho procurado viver potencializando o que é possível no momento ao invés de investir no perfeito inalcansável. 

Vivendo cada momento oferecido, celebrando as pequenas conquistas, alegrando-me pelas conquistas daqueles que seguem comigo tenho descoberto que aos poucos vamos nos aproximando de um estado mais estável e constante de felicidade e bom ânimo que me mantém em movimento constante rumo a mim mesmo e aos meus sonhos.

Não sei se a felicidade é um direito natural mas tenho a certeza que pode ser construída em nosso dia-a-dia. Podemos vivê-la através de atos simples da vida, desde que procuremos a melhor parte de cada um deles.

Por ser uma construção abstrata, fruto de nossas subjetividades, está em nossas mãos estabelecermos os olhares, ações, pensamentos e sentimentos necessários para materializarmos a felicidade em nossas vidas. 

Que 2022 seja um grande laboratório de construção de felicidade em nossas vidas.

Para mim a ideia de felicidade é uma daquelas difíceis e complexas para serem definidas. 

Muitas vezes pensei em felicidade como algo a ser conquistado, como algo que até pudesse ser comprado ou trocado.

Mas à nossa volta nós vemos pessoas em condições semelhantes de vida com estados diferentes de felicidade, vemos pessoas felizes diante de grandes dores e também vemos pessoas profundamente infelizes diante de vidas materiais relativamente bem supridas. 

Seriam mistérios para o entendimento de felicidade como algo a ser possuído?