Não defendas o teu ponto de vista, intentando arrasar quem pensa diferente de ti
Se as ideias podem ser discutidas, as pessoas devem ser respeitadas.
+086-279
muita paz
Talvez seja importe sabermos se realmente as ideias podem ser discutidas.
Hoje, cada vez mais, sinto a presença de uma prática definida pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann em 1977 que foi chamada de Espiral do silêncio.
Esta ideia foi proposta como uma teoria no campo da ciência política e comunicação de massa e parece que vem ganhando força enquanto prática.
Neste modelo de opinião pública, a ideia central é que os indivíduos omitem sua opinião quando conflitantes com a opinião dominante devido ao medo do isolamento, da crítica, ou da zombaria.
Hoje vivemos um mundo fluido onde a prática do cancelamento tornou-se corriqueira e talvez possa ser vista como uma forma de isolamento.
Vemos influenciadores digitais recomendando o isolamento de pessoas com opiniões e comportamentos divergentes daqueles propostos e aceitos como "normais".
Aprendemos que ideias diferentes devem ser intensamente combatidas não apenas com críticas, mas também com xingamentos, ataques à idoneidade do indivíduo, mentiras e até ameaças de morte ao indivíduo e seus familiares.
Que dizer da zombaria que se estabelece em formas requintadas como o uso de memes, a associação com figuras históricas com imagens questionáveis, e o recorte de trechos de áudios e vídeos que são usados fora do contexto para gerar a ideia de que a pessoa não é uma "boa pessoa"?
Vivemos hoje em uma cultura onde a quantidade de seguidores e a aparência de riqueza e de prosperidade ganham mais peso na avaliação de uma pessoa do que os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos através de estudos e práticas em um campo específico.
Talvez a opinião de um cantor multimilionário com milhões de seguidores nas redes sociais e que nunca estudou medicina tenha mais peso do que a fala de um médico renomado com pesquisas e estudos sobre o campo em questão.
Neste cenário fictício, parece não haver espaço para discutir ideias e conhecimentos.
Talvez por tudo isso acabemos desrespeitando, ignorando, ridicularizando e até mesmo cancelando emissores de ideias que se propõe a debater estas ideias.
Vivemos tempos complicados onde a violência opera de maneiras explícitas e implícitas, impondo um ambiente árido para a realização de debates sobre ideias.
Hoje talvez não nos sintamos estimulados a defender nossos pontos de vista para evitar cancelamentos e ridicularizações. Por sobrevivência, seguindo a espiral do silêncio, muitos de nós tendemos a calar para evitar a exclusão de nossos ciclos sociais.
Penso que a citação é muito válida enquanto início de uma ampla reflexão sobre o motivo de darmos tanta autoridade a um pequeno grupo de pessoas que vem estabelecendo um ambiente conturbado e conflituado em nossa sociedade.
Enquanto sociedade, estamos dispostos a matar e a destruir para combater ideias dissidentes, principalmente se elas colocam nossas vantagens e privilégios em risco.
Hoje talvez não devamos defender nossas ideias para nos mantermos em segurança; apenas para sobreviver em uma cultura brutal e desrespeitosa que se impõe à força, eliminando tudo o que não reverbera uma escolha narrativa predominante.
É claro que ainda há ilhas onde isto não se dá. Mas acredito que sejam poucas.
E você, o que pensa sobre esta questão? O que faz com que desejemos calar o outro? Seria a nossa incapacidade de lidarmos com verdades divergentes das nossas?
Talvez seja importe sabermos se realmente as ideias podem ser discutidas.
Hoje, cada vez mais, sinto a presença de uma prática definida pela alemã Elisabeth Noelle-Neumann em 1977 que foi chamada de Espiral do silêncio.
Esta ideia foi proposta como uma teoria no campo da ciência política e comunicação de massa e parece que vem ganhando força enquanto prática.
Neste modelo de opinião pública, a ideia central é que os indivíduos omitem sua opinião quando conflitantes com a opinião dominante devido ao medo do isolamento, da crítica, ou da zombaria.