Cuide da sua vida, lide com suas dificuldades, apare seus equívocos, aprimore sua qualidades e cure suas mágoas em vez de ciscar pela vida alheia, se incomodando com que o outro faz ou deixa de fazer.
Limpe seus olhos antes de falar sobre o cisco nos olhos dos outros.
+166-199
muita paz
Acho que aprendemos a ver as sujeiras de nossos olhos através da sujeira nos olhos dos outros. Incapazes de nos vermos integralmente, aprendemos através do outro sobre tudo na vida, inclusive sobre nós mesmos.
Talvez por isso devêssemos ser gratos ao outro. Entretanto, ainda parcialmente conhecedores de nós mesmos, sentimos um incômodo em nós que não conseguimos endereçar adequadamente e acabamos transferindo a causa para o outro.
Neste momento de nossas jornadas, por imaturidade, talvez iniciemos a ação de estabelecer equilíbrio e bem-estar em nossas através da regulação dos agentes externos a quem atribuímos as causas de nossos desconfortos, sem percebermos que estas causas, na realidade, residem em nós.
Vejo ainda que pode ser comum percebermos claramente as causas de nossos desconfortos em nós mesmos e não consigamos endereçar esforços de mudança. Acabemos tentando despistar nossa atenção e a dos julgamentos alheios na direção do outro para seguirmos sem precisar transformar a nós mesmos.
Ou seja, investimos muita energia na negação das causas internas e no apontamento de causas externas para os nossos sofrimentos.
Seria uma tentativa de parecermos plenos e perfeitos, parceiros ideais para viver em sociedade?
Seria uma estratégia de economia de energia e redução de riscos para a nossa existência?
Talvez possamos pensar ainda em falta de maturidade quanto ao entendimento de si e das relações com o mundo ou em grande resistência à mudança.
Para vivermos vidas espiritualmente mais ricas e plenas e acessarmos níveis de felicidade e de integração mais amplos e vigorosos, precisaremos voltar o olhar para nós mesmos e nos questionarmos o que posso fazer em mim a partir dos incômodos que registro?
Mas além do questionamento, sinto que precisaremos aplicar esforços para realizar as mudanças percebidas.
Abraçar nossa imperfeição, nossa vulnerabilidade, nossa incompletude, nossos erros e os prejuízos que produzimos na vida é parte da vida para o ser humano do terceiro milênio.
Em outra palavra mais sintética e poética, precisamos abraçar nossas sombras se queremos viver em uma sociedade sob a perspectiva de paz e prosperidade.
E no abraço à nossa sombra é que acredito residir a ideia central do "amar ao próximo como a si mesmo" proposto pelos cristãos e pelos judeus.
Para nos amarmos precisamos reconhecer, aceitar e integrar também as nossas dimensões que refutam nossas idealizações. Precisamos ser integralmente nós mesmos para amarmos integralmente a nós mesmos e assim amarmos integralmente o nosso próximo.
Acredito que este amor integral em duas vias de realização, a nós e ao próximo, é a chave para atingirmos nossa idealização, a perfeita integração ao universo ou, se preferirmos, o amor a Deus.
Acho que aprendemos a ver as sujeiras de nossos olhos através da sujeira nos olhos dos outros. Incapazes de nos vermos integralmente, aprendemos através do outro sobre tudo na vida, inclusive sobre nós mesmos.
Talvez por isso devêssemos ser gratos ao outro. Entretanto, ainda parcialmente conhecedores de nós mesmos, sentimos um incômodo em nós que não conseguimos endereçar adequadamente e acabamos transferindo a causa para o outro.