A vida nos traz novidades, alegrias renovadas, presentes merecidos.
Tudo que é posto em nosso caminho nos pertence, e devemos ser gratos por isso, entendendo que a felicidade é a soma de muitos instantes felizes, e temos que estar prontos para sentir e valorizar.
+263-102-
muita paz
"Tudo posto em nosso caminho nos pertence, e devemos ser gratos por isso"
Mas será que nos apropriamos de tudo o que nos pertence?
Será que conseguimos perceber a importância daquilo que incorporamos ao nosso arsenal de recursos, requisito básico para o sentimento da gratidão?
Penso que somos vigorosamente seletivos ao nos apropriarmos. Projetamos expectativas, agimos sob a força da emoção e dos sentidos, descartamos o uso da razão, nos negamos a receber tudo o que nos é entregue pela vida.
Polarizamos a realidade entre bom e ruim, bem e mal, saudável e doentio, moral e imoral, ético e não ético...
Criamos critérios de merecimento e estabelecemos abismos entre as polaridades que crescem à medida que nossos julgamentos se estabelecem.
Acho muito difícil considerar a felicidade apenas como a soma dos instantes felizes, embora reconheça que estamos especializados em perceber a realidade desta forma polarizada. Felicidade e infelicidade...
Talvez a felicidade surja pela integração dos universos opostos criados em nossas mentes. Os momentos de incômodo, quais sejam dores, doenças, incômodos e infelicidades, entre outros, nos ajudam a perceber e a valorizar os momentos opostos.
Será possível ser feliz se não houver infelicidade? Será possível reconhecer a luz se não houver a escuridão?
Gosto da abordagem budista que propõe a integração dos abismos. A felicidade, o bem-estar e a paz surgiriam como o diálogo integrado entre as polaridades.
Dito de outra forma, ao integrarmos os opostos e acolhermos até mesmo o que nos gera incômodo, gastamos menos energia para manter o abismo separatório, reconhecemos a nós mesmos e percebemos que todas as oportunidades, provocadoras de felicidades e de infelicidades, não nos pertencem, mas podem ser usadas por nós para percebermos melhor quem somos e o nosso lugar no mundo.
Nos posicionamos no centro onde antes havia um abismo e assim surge paz interna e compaixão. Devidamente pacificados, potentemente energizados, podemos então agir na criação, no aprimoramento de habilidades e, em última instância, na ampliação de nossa compreensão sobre nós mesmos e sobre o universo.
Lembrando uma fala da Dra. Ticiana Paiva
"Creio que assim como eu, você percebe que as demandas por atenção e compreensão aumentaram muito nos últimos anos. No cenário pós-pandemia, os lutos, as frustrações e os problemas pessoais tomaram outras proporções e afetaram ainda mais a saúde emocional das pessoas.
E elas te procuram. Elas querem a tua ajuda para diminuir a dor que sentem nesse mundo. Elas não estão preparadas para as mudanças que ocorreram e estão sofrendo muito e buscam, mais do que nunca, o cessar dessa dor.
Você já sabe o resultado: o número de mortes, autolesões e outros sintomas do sofrimento extremo estão alarmantes e mais altos do que nunca."
Os abismos, cada vez mais profundos, cobram vigorosas quantidades de nossa energia para serem mantidos. Talvez sejam verdadeiros buracos negros que sugam até mesmo a luz. A manutenção deles nos faz pensar que não conseguiremos manter o sistema de separação, que não conseguiremos acessar apenas as felicidades, por menores que sejam.
A estrutura colapsa sobre nós trazendo dores, doenças, traumas...
Talvez estejamos no melhor momento para percebermos que a felicidade não é apenas a soma de pequenas felicidades, mas também a integração das pequenas infelicidades e a compreensão de que surgimos como consciências a partir da síntese destas polaridades, quando estabelecemos aceitação, criatividade e gratidão diante das provocações que o universo nos oferece.
"Tudo posto em nosso caminho nos pertence, e devemos ser gratos por isso"
Mas será que nos apropriamos de tudo o que nos pertence?
Será que conseguimos perceber a importância daquilo que incorporamos ao nosso arsenal de recursos, requisito básico para o sentimento da gratidão?
Penso que somos vigorosamente seletivos ao nos apropriarmos. Projetamos expectativas, agimos sob a força da emoção e dos sentidos, descartamos o uso da razão, nos negamos a receber tudo o que nos é entregue pela vida.