Se todos procurassem recolher todas as informações possíveis antes de iniciar um diálogo , as contendas deixariam de existir.
+264-101
muita paz
Ou talvez as contendas se acirrassem ainda mais.
O ponto sensível desta proposição trilha pela percepção de alguns aspectos-chave.
"Todas as informações possíveis" é bem diferente de "todas as informações". Se considerarmos nossas restrições de conhecimento, de cognição, de tempo e de cultura; fica impossível considerar que todos nós, ao capturarmos o possível, partilharemos do mesmo conjunto de informações, mas talvez o "todo" seja inacessível...
Há ainda o fator tempo.
O início de um diálogo ou de um conflito, se estabelece, segundo a comunicação não violenta de Marshall Rosenberg, a partir de necessidades não atendidas. São elas que nos levam a buscar apoio externo diante da constatação de que sozinhos não conseguimos suprir tudo o que necessitamos.
Neste contexto de necessidades não atendidas, será que conseguiremos aguardar o levantamento de informações para iniciar uma conversa? Acredito inclusive que o diálogo falha e o conflito se estabelece quando os lados carregam urgências muito grandes...
Contendas nascem na divergência de opiniões, em escalas de valores diferentes e na urgência de atendimento de nossas necessidades.
Sempre que estou mediando contendas, eu procuro identificar as necessidades envolvidas das partes em conflito. Muitas vezes expressar a necessidade que temos e como nos sentimos com a atitude do outro abrem um canal para negociarmos e dialogarmos.
Outro ponto que penso ser muito importante neste contexto, é a necessidade que muitos de nós temos de "ter razão" ou "a última palavra" sobre um assunto.
Facilmente classificamos o outro como errado, incompleto, incompetente, incapaz, ignorante...
A partir desta classificação tendemos a "eliminar impedimentos" ou a "salvar o mundo". Nos dois casos nós agimos violentamente nos sobrepondo ao outro.
Na hora do diálogo, por que sentimos a necessidade de impor ao outro determinado ponto de vista?
Talvez seja importante pensarmos o porquê de estarmos dialogando e considerarmos que é possível que visões e valores diferentes dos nossos coexistam, embora as interfaces de divergência existam e precisem ser negociadas.
Diante das necessidades que temos; da impossibilidade frequente de escolha do momento de início de um diálogo; e da impossibilidade de partilhar do mesmo conjunto de informações, crenças e valores; eu diria que o diálogo pacífico, que ocorre sem contenda, carece da compreensão do propósito daquele diálogo e da pré-disposição para facilitar o atendimento das necessidades do outro e não apenas às minhas.
Costumo dizer que somos suficientemente inteligentes para justificarmos o que quisermos e, desta forma, facilmente articulamos grandes volumes de informação para justificar o atendimento de nossas necessidades de forma prioritária, exclusiva e urgente, mesmo que tenhamos que brigar para isso...
Ou talvez as contendas se acirrassem ainda mais.
O ponto sensível desta proposição trilha pela percepção de alguns aspectos-chave.
"Todas as informações possíveis" é bem diferente de "todas as informações". Se considerarmos nossas restrições de conhecimento, de cognição, de tempo e de cultura; fica impossível considerar que todos nós, ao capturarmos o possível, partilharemos do mesmo conjunto de informações, mas talvez o "todo" seja inacessível...
Há ainda o fator tempo.