266/2023 - O que te pertence?

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266/2023 - O que te pertence?
dia do ano
266
O que te pertence?
mensagem

🎼A casa é sua🎼
🎼Por que não chega agora?🎼
+266-099
muita paz

reflexão

Tendo a olhar para o mundo com lentes de autoconhecimento e autoamor na maior parte do tempo. A partir deste lugar, procuro pensar os aspectos relacionais que construímos em sociedade e os aspectos de desenvolvimento pessoal.

Neste ponto, sem olhar a letra completa da música proposta, mas apenas para o trecho destacado de "A Casa é sua" de Arnaldo Antunes, fiquei perguntando:

Se a casa não é de quem fala, e sim de outra pessoa, o que o sujeito estaria fazendo ali naquela casa que não pertence a ele?

Em uma primeira reflexão, geralmente normativa, em que projeto minhas crenças e valores, pensei que talvez a melhor declaração fosse "a casa é nossa", o que justificaria a presença do sujeito ali. 

Um reconhecimento de construção coletiva onde ambos elaboram juntos a construção de um lugar confortável em que os donos conseguem expressar suas singularidades e crescer juntos, mas que, por algum motivo, um dos personagens principais se encontra ausente.

Na sequência pensei que talvez a casa tivesse sido invadida pela pessoa que apresenta a música e que esta pessoa estivesse impondo a convivência em uma casa que não lhe pertencia.

Desta vez não resisti. A curiosidade foi maior e cedi à tentação e fui olhar a letra completa apresentada através do videoclipe oficial, que é um belo trabalho de animação.

Ali fica claro que o narrador em primeira pessoa é o dono da casa e que ele deseja que outra pessoa se aproprie dela para dar significado a tudo aquilo. Talvez um grande amor não correspondido...

O que será que nos leva a nos anularmos completamente em nome de uma pessoa? O que estará por trás desta rendição, do anúncio deste vazio tão intenso que faz com que o narrador em primeira pessoa sinta que, embora tendo tudo, não tem nada porque lhe falta uma pessoa?

Hoje penso que o começo de toda relação saudável e duradoura reside no autoamor que abre algum espaço para o outro, sem se anular nesta relação, sem se render completamente ao outro.

Acredito que esta relação de total entrega carrega uma armadilha relacional dolorosa. Talvez queiramos que o outro, o ser amado por nós, resolva nossos vazios, nossas carências; que nos supra e nos nutra passivamente.

Será possível esperar tal responsabilidade do outro? Até onde seremos realmente capazes de anular a nós mesmos a favor do outro? O que acontecerá quando nossas expectativas forem frustradas diante da impossibilidade de concretização desta proposição?

Será que queremos assumir integralmente a vida de outras pessoas? O que esperamos destas relações?

E se o outro também esperar que o supramos, que o coordenemos? O que acontece quando dois vazios colidem, quando duas pessoas decidem abdicar da gerência de suas próprias vidas é nome do outro?

No videoclipe vemos que, diante da ausência do outro na casa que realmente não lhe pertence, o dono da casa vai eliminando confortos e possibilidades, deixando de existir pela falta.

Com foco no que não temos, talvez deixemos de ver o que efetivamente temos e somos...

Defendo a ideia de que pessoas saudáveis pertencem a si mesmas. Quando não assumimos a posse do que efetivamente é nosso, ou quando reivindicamos a posse do que não é nosso, estamos seguindo por campos minados de dores, sofrimentos e frustrações.

Por que não unimos nossas casas? Por que não aceitamos a ausência do outro em nossas casas? Por que não reconhecemos que, embora estejamos construindo algo juntos, somos pessoas distintas e que eu sou o único responsável pela administração do que eu possuo?

Entregar-se ao outro demandando a sua presença constante em nossas vidas, exigindo que ele tome posse de nós, talvez simbolize uma enorme dificuldade de amor-próprio!

E você, o que acha?

reflexão

Tendo a olhar para o mundo com lentes de autoconhecimento e autoamor na maior parte do tempo. A partir deste lugar, procuro pensar os aspectos relacionais que construímos em sociedade e os aspectos de desenvolvimento pessoal.

Neste ponto, sem olhar a letra completa da música proposta, mas apenas para o trecho destacado de "A Casa é sua" de Arnaldo Antunes, fiquei perguntando:

Se a casa não é de quem fala, e sim de outra pessoa, o que o sujeito estaria fazendo ali naquela casa que não pertence a ele?

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